Encontro ocorreu após comandante da Rota declarar voto em Bolsonaro; PM disse que visita “não foi oficial” e que deputado “estava passando”
Exatos dois meses após o comandante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), Ricardo de Mello Araújo, dizer que votaria em Jair Bolsonaro (PSC) para a presidência do Brasil em 2018, o batalhão, considerado uma unidade de elite da Polícia Militar do governador Geraldo Alckmin (PSDB), recebeu a visita do deputado federal, acompanhado do ator Alexandre Frota.
Nesta segunda (23/10), o presidenciável vistou o Quartel da Luz, sede da Rota, e o Regimento de Polícia Montada “9 de Julho” (unidade de cavalaria), na região central de São Paulo. No Quartel da Luz, Bolsonaro foi recebido pelo comandante, tirou foto em frente ao muro onde há os dizeres “A Rota é reservada aos herois”. Na cavalaria, situado a poucas quadras dali, recebeu reverência de soldados do regimento. “Muito obrigado pela deferência”, agradeceu Bolsonaro.
Mello Araújo é comandante da tropa de elite da Polícia Militar do Estado de São Paulo, nomeado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). Assim como Bolsonaro, Alckmim tem a pretenção de concorrer à presidência na próxima eleição.
No dia 24 de agosto, o líder da tropa declarou ao portal Uol a possibilidade de votar em Bolsonaro. Ressaltou, no entanto, ser uma posição pessoal. “O deputado Jair Bolsonaro, eu votaria nele. Eu votaria nele. Eu não sou político e não gosto de falar muito de política, mas eu entendo que o país precisa de pessoas honestas no comando. E a população sente isso. Agora, é uma opinião pessoal”, explicou Mello Araújo na ocasião. O comandante seguiu sua argumentação com discurso contra a corrupção. “A população está sentindo a necessidade de pessoas honestas. Não falo nem de capacidade. Hoje, o que a população visa, são pessoas honestas, que saibam onde tão gastando o nosso dinheiro”, sustentou.
No último dia 1º de outubro, pesquisa do Datafolha apontou Jair Bolsonaro na segunda posição na corrida eleitoral, com 17% dos votos, à frente de Marina Silva (Rede), 13%. O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) lidera, com 35%, enquanto Geraldo Alckmin (PSDB) é o quarto, com 8% — mesmo percentual em cenário quando João Dória aparece como candidato tucano.
“Problema dele”
A Rota informou que a visita de Bolsonaro teve motivação pessoal. “O deputado não fez visita oficial, apenas estava passando e parou para rever alguns amigos”, afirmou a assessora do batalhão. A CDN Comunicação, assessoria terceirizada da Secretaria da Segurança Pública, a pasta não fez convites para a ida do deputado à Rota, confirmou a informação. Questionada pela Ponte, a secretaria deixou em aberto se o comandante Ricardo de Mello Araújo receberá na sede da tropa outros candidatos à presidência do Brasil na eleição de 2018.
Sobre a visita de Bolsonaro, a assessoria de imprensa do governo Alckmin declarou à Ponte que “os quarteis da PM são abertos e qualquer pessoa pode visitá-los”. Sobre a declaração de voto do comandante da Rota ao presidenciável do PSC, a assessoria afirmou que Mello Araújo “tem direito a votar em quem bem entende” e perguntou: “não é o que a gente tem em um país democrático?”. Mas ressaltou que a declaração do comandante não é uma posição da corporação. “É uma posição dele, e se ele resolveu declarar o voto, é problema dele”, declarou.