Briga em presídio termina com dez mortos e oito feridos em Itapajé (CE)

    Informações da secretaria da Justiça estadual apontam para briga de facções rivais; Conselho Penitenciário fala em represália por chacina que deixou 14 mortos

    Segundo Conselho, não há divisão de facções na cadeia | Foto: Divulgação/Sindasp-CE

    Dez presos morreram e oito ficaram feridos em uma briga na Cadeia Pública de Itapajé, no Ceará, cidade 130 km distante da capital Fortaleza. Especialistas falam em represália pela chacina que matou 14 pessoas na capital, durante uma festa no sábado (27/1).

    Segundo a Secretaria da Justiça do Ceará, o conflito em Itapajé aconteceu entre facções rivais e o controle da cadeia foi retomado com intervenção de policiais e agentes penitenciários.

    A chacina das 14 pessoas tem como suspeita ação da facção criminosa GDE (Guardiões do Estado) contra o CV (Comando Vermelho) em meio à guerra por território no tráfico da capital cearense. De acordo com o presidente do Conselho Penitenciário do Ceará (Copen), Cláudio Justa, há indícios de que os casos estejam diretamente ligados.

    “A chacina do bairro Cajazeiras foi o ápice de um processo que envolve outras ações. O GDE é local, não tem vinculação nacional, então tende a buscar a expansão na base da força. Por isso, faz atos de terror para amedrontar e afugentar”, sustenta Justa.

    O presidente da entidade acredita que a possível retaliação do CV, facção originária do Rio de Janeiro e expandida para o cenário nacional, ocorreu longe da região da chacina pela mistura dos presos.

    “Essa ação no presídio é reflexo do conflito instaurado nas ruas, mas não está sistêmica no Estado porque houve a separação das facções nas unidades penitenciárias. No entanto, nas cadeias públicas, elas ficam no mesmo local. Existe uma deficiência tanto predial como de agentes penitenciários, que não conseguem fazer frente a esse tipo de conflito”, analisa.

    A segunda chacina em três dias motivou o governo do Ceará a tomar três atitudes: criar uma Vara Especializada no Combate ao Crime Organizado em Fortaleza, através do Tribunal de Justiça do Ceará, ampliar o trabalho de inteligência contra as facções criminosas (atuação conjunta do Ministério Público, Secretaria de Justiça e Secretaria de Segurança Pública) e uma força tarefa de investigações, formada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e do Departamento Penitenciário Nacional.

    Apesar da resposta imediata aos crimes, Élcio Batista, chefe do gabinete do governador, Camilo Santana, considerou os dois casos como ““eventos extraordinários” e que “fogem de um padrão, principalmente a [chacina] de 14 pessoas”, afirmou. “Agora, nosso trabalho é estabilizar esse processo, para que, uma vez estabilizado, consigamos colocar em prática também ações mais estruturais”, concluiu Batista.

    *Com informações da Agência Brasil

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