Iniciativa pela vida e pelos Direitos Humanos nos bairros periféricos reuniu milhares de pessoas no feriado de Finados
A violência nas periferias do Brasil, muitas vezes agravada pela intervenção dos Estado e pela falta de políticas de valorização da vida e inclusão social, esteve no centro das manifestações populares durante a campanha nacional Vida Viva, que aconteceu neste sábado (2/11), em sete estados.
A mobilização foi uma iniciativa de movimentos populares, entidades de defesa dos Direitos Humanos, ativistas, moradores das periferias e participantes do Fórum de Defesa da Vida.
A campanha promoveu e integrou uma rede de manifestações culturais e políticas que contou com caminhadas, marchas, saraus, debates, grafites e exposições.
Em São Paulo, pela manhã, pelo 24º ano seguido aconteceu a caminhada “Pela Paz e Pela Vida” com o tema “Levante a tua voz a favor das nossas vidas”, que passou por diversos bairros da zona Sul da capital e terminou em um ato ecumênico dentro do cemitério do jardim São Luiz. Na parte da tarde, poetas de várias da cidade participaram do Slam Corinthians Itaquera, na zona Leste.
A fundadora do CDHEP (Centro de Direitos Humanos e Educação Popular de Campo Limpo), Lucila Pizani, faz um paralelo entre os dias de hoje e o começo dos anos 80, quando a região era uma das mais violentas do mundo.
“Era uma época de perplexidade como hoje. A gente via que no cemitério do São Luiz a maior parte dos túmulos era de jovens, vítimas de assassinatos. Isso não é normal numa sociedade. A gente quer que as pessoas vivam bem. Elaboramos várias propostas e reivindicações de políticas para melhoria do acesso à Justiça, à educação e à saúde. Principalmente do grande debate da Segurança Pública e dos Direitos Humano”, disse.
O capelão Edvaldo Xavier, conselheiro do hospital do M’Boi Mirim, que mora há mais de duas décadas na região falou sobre a importância da mobilização nas periferias.
“Tem aumentado os casos de assassinatos e de feminicídios também. Temos que combater a propagação da violência e promover mais o amor e o diálogo. Quem mora na periferia merece o mesmo tratamento digno de quem mora nos bairros nobres”, disse.
As ações do Vida Viva aconteceram no Acre, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.
No Rio de Janeiro, na comunidade da Maré teve contação de história e atividades lúdicas para as crianças e também foi inaugurada a placa do memorial para lembrar as vítimas da violência.
Na capital do Espírito Santo, Vitória, o Círculo Palmarino, entidade do movimento negro capixaba, realizou uma edição especial do tradicional Sarau Palmarino, no bar da Zilda, na região central da cidade com o tema do genocídio da população negra.
O coletivo Mães da Saudade de Pernambuco, fez um debate público sobre a violência do Estado. O ato aconteceu em frente ao cemitério de Santo Amaro, no bairro do mesmo nome em Recife.
No dia 7, em Brasília, o Conselho Federal de Psicologia vai integrar a campanha Vida Viva com o debate “Menos Armas, Mais Vida, o que a Psicologia tem a ver com isso?”, a partir das 16h.
Em Salvador, o movimento das Mães de Maio do Nordeste fez um ato no cemitério do Campo Santo, no bairro da Federação.
“Foi bonito e tranquilo. Teve muita interação e apoio das famílias que estavam saindo do cemitério”, disse Rute Fiúza, do movimento Mães de Maio do Nordeste.
No final aconteceu um sarau de poesias com o tema “Vidas Negras Importam. Parem de nos Matar” .
No Acre também teve poesia na edição do Slam das Minas, só de mulheres rimando sobre temas relacionados ao combate à violência.
“A periferia conquistou muitos avanços importantes nos últimos anos, mas a violência e as mortes fazem parte de uma realidade cruel. A luta é pela criação de políticas públicas eficientes que valorizem a vida e também acabar com a lógica de investimentos em políticas de segurança pública que gera mais violência e mortes nas periferias”, disse a socióloga Carolina Ricardo, diretora do Instituto Sou da Paz.
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