Casal gay é agredido por três homens ao deixar boate em SP

    Namorado de vítima, que segue internada após sofrer traumatismo craniano, afirmou que motivação do trio foi homofobia

    Agressão ocorreu na Rua Araújo, no centro da capital paulista | Foto: Reprodução/Google Street View

    Um casal gay foi agredido por três homens após deixar uma boate na região central da cidade de São Paulo na noite do dia 22 de fevereiro. Uma das vítimas passou por uma cirurgia na cabeça depois de ser constado traumatismo craniano. Ela segue internada e sem previsão de alta na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Santa Paula, zona sul da capital paulista.

    À Ponte, o arquiteto B., 25 anos, que pediu para não ser identificado por medo de represálias, contou que as agressões tiveram início por volta das 23h20 após ele e seu namorado, o assistente de marketing G., 28 anos, terem deixado uma casa noturna e caminharem até o metrô República. Na estação, eles pegariam um trem para voltar para casa, em um bairro da zona sul.

    Segundo o arquiteto, eles caminhavam de mãos dadas pela Rua Araújo quando, ao passar em frente ao edifício Presidente Kennedy, local em que existe um estacionamento, três homens deixaram o estabelecimento e passaram a realizar ofensas e em seguida agredir as vítimas. O homem conta que, no momento da agressão, o casal havia se distanciado por um instante, já que G. havia havia ido urinar em uma árvore próxima. 

    B. afirmou que, ao escutar gritos e olhar para trás, já se deparou com o namorado no chão e os três homens desferindo chutes e socos. Ele diz que o trio de agressores era branco, sendo dois deles magros e um gordo, e que consegue os reconhecer caso localizados.

    “Eles estavam na porta do estacionamento e depois da agressão eles entraram de novo. Eu sei isso porque fui reclamar com eles e bati naquela porta. Aí eles abriram a porta com um pau na mão para me bater. Se não fosse por pessoas que estavam me ajudando eles iam me bater novamente”, apontou.

    O casal está junto há um ano e dois meses. Eles haviam escolhido ir à balada por entender ser mais seguro do que pular Carnaval em um dos tantos blocos espalhados pela cidade e que tem atraído milhares de pessoas. O temor era justamente sofrer atos homofóbicos.

    Mesmo após o espancamento, eles se dirigiram para casa. Mas, por G. apresentar muitas dores na cabeça, acharam melhor buscar auxílio no hospital, local em que exames indicaram as lesões na cabeça.

    A reportagem procurou o Hospital Santa Paula nesta terça-feira (25/2), mas não não conseguiu informações sobre a extensão dos ferimentos no rapaz.

    “Eu acho que eles ficaram incomodados com nossa presença. A gente estava de mãos dadas, a gente só se separou na hora que ele foi urinar. Para mim foi homofobia”, definiu o arquiteto. “Não acredito que o agrediram por ter urinado na rua. Mesmo no chão e sem se defender continuaram batendo nele. Enquanto batiam gritavam ‘a gente tem filho'”, explicou.

    Enquanto o assistente de marketing segue internado se recuperando da cirurgia na cabeça, ele tem em seu leito a companhia de seu namorado e também de sua mãe, a professora Márcia Oliveira, 57 anos. 

    “Eu faço parte do grupo Mães pela Diversidade. Eu quero que a gente consiga coibir essas coisas. Não é só meu filho. Queremos que nossos filhos tenham direito a vida. Não é nenhum privilégio. Que a justiça seja feita”, disse à Ponte, enquanto recebia novas informações sobre o estado de saúde do jovem.

    A expectativa da família era de que G. fosse liberado para continuar os cuidados médicos num quarto do hospital. No entanto, de acordo com seu companheiro, devido à uma confusão mental e por ter acordado agitado vai ter que continuar mais um período na UTI. 

    “Eu espero que a gente consiga punir essas pessoas. Quando eu vi ele no chão eu achei que ele estava morto. Eu não vou parar até a gente conseguir punir essas pessoas. Não foi justo o que fizeram com ele”, completou B.

    Em nota, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou que um Boletim de Ocorrência de injúria e lesão corporal foi registrado pelo 91º DP (Ceasa) pelo delegado Thiago Rosseto Carolino. Apesar disso, a investigação será realizada pelo 77º DP (Santa Cecília) responsável pela área.

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