Em ato emocionado na segunda-feira (28/11), familiares dos cinco jovens mortos por PMs na favela de Costa Barros, na zona norte do Rio, bradaram por Justiça. Presos, PMs acusados pela chacina aguardam julgamento

Familiares de vítimas de violência policial se reuniram nesta segunda-feira (28), na porta do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro), para relembrar, em um ato emocionado, a Chacina de Costa Barros, que completou um ano. No triste episódio, quatro policiais militares do 41º BPM (Irajá) realizaram 111 disparos de fuzil contra o Palio branco em que estavam Carlos Eduardo Silva de Souza, de 16 anos, Cleiton Corrêa de Souza, de 18, Wilton Esteves Domingos Júnior, de 20, Roberto Silva de Souza, de 16, e Wesley Castro Rodrigues, de 25. Os amigos voltavam de uma lanchonete perto da comunidade.
Os familiares das vítimas aguardam, ansiosos, pela sentença condenatória. “Eles estão presos, mas podem conseguir conseguir um habeas corpus de repente e ser soltos. Por isso nós estamos aguardando a sentença condenatória para fechar o círculo”, afirmou Jorge Roberto Lima da Penha, de 52 anos, pai de Roberto Silva de Souza. Além de perder o filho, Jorge perdeu a esposa, Joselita de Souza, oito meses depois. “Morreu de depressão. Uma mãe não aguenta sepultar o filho de 16 anos”, disse.

Os familiares de vítimas de violência policial ressaltaram a importância de se manterem unidos na luta por Justiça. “É muito significativo pra mim ter todo esse apoio, saber que não estou sozinho nessa briga”, disse Carlos.
“A união dos familiares nessa luta fortalece muito a gente. Unidos, nós temos mais força e mais segurança para lutar por justiça pelos nossos filhos”, disse Tereza Maria de Jesus, mãe de Eduardo de Jesus, morto aos 10 anos de idade com um tiro na cabeça, enquanto brincava com um celular na porta de sua casa, no Complexo do Alemão, em abril de 2015.
De acordo com o promotor Fábio Vieira, do 2º Tribunal do Júri, os acusados serão interrogados depois que diligências requeridas por seus advogados de defesa forem completadas. “A minha convicção é de que está muito clara a responsabilidade criminal de todos eles e estamos aguardando para que essa instrução termine para que eles sejam pronunciados e nós possamos fazer o júri. Não sei quanto tempo vai demorar porque depende do interesse das partes em recorrer ou não de uma decisão judicial no término dessa primeira fase”, afirmou.
Relatos de ameaças
Um dos familiares das vítimas, que não será identificado para sua segurança, relata que já sofreu ameaças por estar lutando por Justiça. “Pra gente está sendo muito complicado. Estou me sentindo completamente ameaçado e tem outros pais na mesma situação. Teve um pai que teve que se mudar de onde morava, porque estava com medo. Ele foi perseguido, passou por uma situação complicada e está com medo”, conta.

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