Facção criminosa CV está em guerra com rivais do TCP (Terceiro Comando Puro). Oito ônibus e dois caminhões foram queimados ontem (2/5) no Rio de Janeiro
A guerra pelo domínio da Cidade Alta, zona norte do Rio de Janeiro, entre as facções CV (Comando Vermelho) e TCP (Terceiro Comando Puro), sempre existiu para os moradores. “Eu não aguento mais essa briga. Parece que a polícia vem, tira os bandidos da rua para mídia ver e vai embora”, disse um jovem, morador da região, que preferiu não se identificar. “Eu quero paz. Não dá mais para andar na rua com medo de ser baleado a todo instante”, completou ele. Ainda segundo relatos de quem mora na comunidade, os confrontos recentes começaram em novembro do ano passado, mas só agora a cidade do Rio percebeu.
Foram oito ônibus e dois caminhões queimados na manhã desta terça-feira (02/5). Duas das principais vias da cidade, a Washignton Luís e a Avenida Brasil, ficaram interditadas, parando a cidade por horas e fazendo com que o Rio de Janeiro entrasse em estágio de alerta.
Foi uma resposta do CV à Polícia Militar, que impediu que a facção criminosa de dominar o território do TCP. Foi mais um capítulo da guerra de facções na qual o Comando Vermelho tentou invadir e retomar seu território, uma vez dominado pelo Terceiro Comando Puro, que atua na região.
O reforço partiu de outras comunidades comandadas pela facção: Maré, Nova Holanda, Borel, Caxias, Salgueiro, São Gonçalo, Penha e Vila Cruzeiro, afirmou Roberto Sá, secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro.
A ação aconteceu a mando do Conselho do Comando Vermelho, formado por detentos que estão em um presídio federal.
Foram muitos os que não conseguiram chegar ao trabalho ou sair de casa para cumprir sua rotina. “Eu tenho um grupo de amigos no WhatsApp que só comentava disso. Estávamos trocando informação toda hora, alertando os moradores a tomar cuidado porque a chapa esquentou”, disse outro morador.
Em redes sociais, a página da comunidade dava instruções e informações aos seus seguidores, contando como estava a situação no local.
Segundo a Polícia Militar, 45 pessoas foram presas. Também foram apreendidos 32 fuzis, todos Comando Vermelho, 11 granadas e quatro pistolas. Segundo a versão do secretário da Segurança Pública do Rio, “foi evitado um banho de sangue e que nunca houve uma apreensão tão grande de armas em uma operação”.
O resultado, no fim do dia, foram dois mortos pela polícia, ambos suspeitos de ligação com o tráfico de drogas, e três policias feridos.