Conferência internacional na Bahia discute segurança pública, racismo e política de drogas

Evento gratuito vai até quinta-feira (7) em Salvador e promove troca de experiências entre especialistas brasileiros e de países vizinhos

Banner da Conferência Internacional Iniciativa Negra por Direitos, Reparação e Justiça | Foto: Reprodução

A Conferência Internacional Iniciativa Negra por Direitos, Reparação e Justiça promove, entre os dias 5 e 7 de dezembro, debates sobre segurança pública, racismo e a política de drogas. O evento realizado pela Iniciativa Negra por Uma Nova Política sobre Drogas ocorre em Salvador, capital baiana, de forma gratuita. 

Todas as atividades da Conferência irão ocorrer na Biblioteca Central do Estado da Bahia, a primeira biblioteca pública do Brasil e das Américas. Os três dias de evento têm programação dividida entre debates e atrações culturais. 

As discussões da Conferência colocam o racismo como peça chave para os problemas sociais vivenciados na atualidade no Brasil e demais países. Essa correlação não é abstrata e é comprovada em pesquisas.

Em São Paulo, mesmo sendo a minoria da população, negros representam a maior parte dos presos e condenados por tráfico de drogas, não porque cometam mais crimes, mas simplesmente porque são os mais abordados pela polícia em ações que dispensam investigação.

Os dados são da pesquisa Liberdade Negra Sob Suspeita: Pacto da Guerra às Drogas no Estado de São Paulo, que identificou que pretos e pardos correspondem a 56% das pessoas detidas por tráfico pela polícia em patrulhamento — ou seja, em “enquadros”.

Já na Bahia, onde acontece a Conferência, é o estado em que a polícia mais mata. Segundo o relatório Pele Alvo: a bala não erra o negro produzido pela Rede Observatórios da Segurança, das 1.465 vítimas das polícias baianas em 2022, 94,76% eram negras, considerando somente as que tiveram cor ou raça identificadas.

Os debates da Conferência Internacional — que têm como ponto de partida saúde pública,  justiça e segurança — contarão com especialistas brasileiros e também de outros países. Do Equador, Andrea Aguirre do coletivo Mujeres de Frente do Equador; e da Colômbia, Dayana Blanco, da Ilex, que atua na  Acción Jurídica, organização de equidade racial atuante na Colômbia e na América Latina. O ativista somaliense axmed maxamed é outro entre os palestrantes internacionais. 

Entre os especialistas brasileiros que vão compor as mesas estão Débora Silva, uma das fundadoras do Movimento Independente das Mães de Maio, Rute Fiuza, das Mães de Maio do Nordeste, a primeira cacique mulher da Bahia Cacique Valdelice e o escritor Geovani Martins.

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Na quinta-feira (7/12), haverá o lançamento do livro Periferias no Plural. A obra reúne artigos de 43 autores convidados, que escrevem sobre a periferia. A publicação é uma parceria entre a Fundação Perseu Abramo e a Friedrich-Ebert-Stiftung Brasil. 

Os interessados em assistir aos debates podem fazer a inscrição na Biblioteca Central, sem necessidade de cadastro prévio.

A Ponte também participa do evento. Na quarta-feira (6/12), a repórter Catarina Duarte integra a mesa Comunicação de Causas, que começa às 9h30min.

Serviço:

O quê: Conferência Internacional Iniciativa Negra por Direitos, Reparação e Justiça 
Quando: 5, 6 e 7 de dezembro
Onde: Biblioteca Central de Estudo da Bahia, rua General Labatut, 27, Barris, Salvador 
Quanto: inscrições gratuita e no local 
Mais informações clicando aqui

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