Quatro pessoas foram mortas e 13 ficaram feridas em ataque realizado em um bar no bairro da Prata, no último sábado (29/6); Polícia Civil suspeita de disputa entre grupos criminosos que controlam a região
Por volta das 21h do último sábado do mês, dia 29 de junho, um homem encapuzado entrou atirando e matou quatro pessoas, deixando outras 13 feridas. “Rei do Peixe” é um dos bares da região central de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Lá, no momento em que houve o ataque, o público assistia a um show de pagode.
Apenas dois mortos tiveram os nomes confirmados: Elaine Menezes, 36 anos, e o músico Jorge Victor da Silva Ribeiro, 23, que tocava com o seu grupo de pagode Nosso Grupo. Segundo o Jornal Extra, o músico já havia pedido um carro via aplicativo para ir embora quanto foi atingido pelos disparos. Um homem e uma mulher, ainda não identificados, completam os quatro mortos na chacina.
A mãe de Jorge Victor comentou a morte do filho ao Extra. “O sonho dele era tocar num grupo grande. Vivia dizendo que o dia que isso acontecesse ia proporcionar uma viagem para mim e o pai dele, que sempre trabalhamos a vida inteira para criar os filhos. Tudo que eu quero agora é um Brasil melhor. O mundo está com falta de amor. É isso que precisamos”, lamentou.
De acordo com uma fonte da polícia de Belford Roxo, que prefere não ser identificada na reportagem, o município é dividido. À Ponte, ela explica que o bairro Nova Aurora, sentido Miguel Couto, é dominado pelo tráfico. O outro lado, na direção ao bairro São Francisco de Assis, é comandado por grupos paramilitares.
Em entrevista à Ponte, a fonte explica como começou o conflito entre o tráfico e a milícia. “Tem um rapaz que é do tráfico, conhecido como Aladin. Ele era trabalhador, gostava de fumar a maconha dele. Os caras da milícia esculachavam ele, já mataram outros garotos também, gente que não tinha nada a ver. Agora esse traficante se revoltou e quer se vingar matando todo mundo envolvido com a milícia naquela região”, conta.
“Fizeram até vídeo com a foto de cada homem integrante do grupo de paramilitares, falando que vão matar um por um. Se tudo correr conforme o que esse traficante diz, se o Estado não intervir, vai ser um caos. Eles já mataram o William Chaveiro, um miliciano. E agora pegaram o Belrog”, completa.
Em áudio que circula nas redes e é creditado ao traficante Aladin, um homem explica que era trabalhador e era esculachado pela milícia. Agora, quer vingança. “Enquanto eu trabalhava, não era envolvido com nada, só fumava maconha tranquilão. O Orelha, Jao, Macaco, vocês tudo quiseram me matar. Me balearam e eu era trabalhador. Isso era covardia. Vocês são covardes. Agora, é guerra pessoal mesmo”, promete.
“Eu sei quem é geral, conheço a família de vocês. Ninguém vai passar batido. Só que minha meta não é mexer com família de ninguém não, não sou covarde, eu sou bandido. Vocês não são milícia? Sejam milícia agora. A guerra não vai ter fim, o papo é esse. Cambada de covarde, mataram meu primo, trabalhador, pai de família, inocente. Eu estou falando, vou matar todos vocês”, continua o áudio creditado a Aladin.
Um morador, que não quis se identificar, estava no bar no momento dos tiros e relata o pavor do ataque. “Eu estava em casa e fui lá comer um peixe. Levantei para ir ao banheiro, deixei minha filha na mesa e quando estava lá dentro ouvi os tiros. Era muito tiro”, lembra. “Sai do banheiro procurando minha filha, não parava de chamar por ela. Só vi vagabundo correndo para os lados, todo mundo no chão. Foi tiro de fuzil. Graças a Deus minha filha estava no chão também, se protegendo”, completa.
A polícia carioca investiga se o ataque foi provocado, de fato, por causa de um conflito entre o tráfico de drogas e a milícia da região. A suspeita é que o alvo dos bandidos era um miliciano. A Ponte solicitou posicionamento oficial para a PMERJ (Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro) e da Polícia Civil, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.