Na periferia da zona sul de São Paulo, Babiy, aos poucos, retoma a rotina, fala de sonhos e planos, e sobre a sensação de estar presa mesmo em liberdade
Espontânea, de riso fácil e olhos expressivos, a dançarina e modelo Barbara Querino, 21 anos, tem se agarrado à esperança, verdade e vontade para deixar para trás os quase dois anos que ficou presa, condenada mesmo sem provas por um crime que, desde o início, nega ter cometido. Babiy foi para o regime aberto e saiu da prisão na semana passada. Recebida com carinho pela família e amigos, ela afirma que é bom estar de volta em sua casa na Vila Constância, zona sul de São Paulo, mas que tem consciência de que essa liberdade é relativa.
“Não posso virar a noite na rua, não posso… Eu tô presa, essa que é a real. Estou na rua, mas estou presa. Não posso fazer o que mais amava fazer. Como dançarina muitas vezes tenho que estar de madrugada na rua e não posso fazer isso”, desabafou em entrevista à Ponte na última sexta-feira (13/9).
A história de Babiy ganhou repercussão depois que ela foi presa, no início do ano passado, apontada como integrante de uma quadrilha especializada em roubo de carros. Os policiais a levaram para a delegacia, tiraram fotos dela e as imagens foram compartilhadas em grupos de Whatsapp e Facebook. Reconhecida por causa do cabelo e da pele negra, foi condenada a 5 anos e 4 meses de prisão por um roubo ocorrido em 10 de setembro de 2017. Havia uma outra acusação, de um crime semelhante ocorrido em 26 de setembro daquele mesmo ano. Por esse, ela foi absolvida. Ela está recorrendo da condenação na segunda instância e, caso consiga provar que foi vítima de uma injustiça, a dançarina pretende pedir uma reparação ao Estado.
A reportagem da Ponte acompanhou um dia da rotina de Babiy e conta, nesse mini documentário, um pouco da trajetória dela, da injustiça que sofreu e de como pretende levar a vida daqui para frente.
“Eu quero ser reconhecida pela minha dança, não pela prisão, pela injustiça que aconteceu comigo. Infelizmente, tive que passar por isso para o meu nome ser conhecido. Não foi da forma como eu quis. O jeito é ir para cima e seguir meus sonhos, como fazer vestibular o ano que vem”, conta Bárbara, que sonha ser jornalista.
Reportagem: Arthur Stabile | Imagens, edição e montagem: Caio Castor | Coordenação: Maria Teresa Cruz