Sem assistência médica ou psicológica adequadas, Dayane ainda sofre com a dor e a depressão geradas pela bomba da PM que arrancou seu olho, há três anos
Três anos após perder um olho numa operação da Polícia Militar em Paraisópolis, periferia sul de São Paulo, Dayane de Oliveira Magalhães, 20 anos, decidiu enfrentar o medo que passou a ter de policiais e multidões. No último domingo (11/9), participou de um protesto contra o presidente Michel Temer (PMDB) na Avenida Paulista, ocasião em que gravou entrevista para a Ponte.
Quando chegou à Paulista e viu as fardas e viaturas dos policiais reunidos ao redor dos manifestantes, Dayane entrou em pânico e pensou em desistir. Desde a madrugada de 12 de janeiro de 2013, quando o estilhaço de uma bomba atirada por um policial atingiu seu olho direito, ela passou a ter “trauma de polícia”. Mas a jovem enfrentou o medo e juntou-se à multidão, junto com a filha de um ano e a mãe Maria Iracema de Oliveira, 46 anos.
Levada até a manifestação pela psicóloga Marisa Feffermann, da rede de movimentos Tribunal Popular, Dayane não estava tão interessada em gritar “Diretas Já” ou “Por nenhum direito a menos”. Queria mesmo era gritar pela sua própria injustiça e denunciar os estragos que a ação do Estado vem provocando no seu corpo, na sua mente e na sua vida, sem oferecer qualquer reparo.
Mesmo após três anos, o tratamento que recebe no Hospital das Clínicas não conseguiu eliminar as sequelas do ferimento, que ainda solta pus e dói muito. “Não me dão nenhuma assistência e já desmarcaram várias cirurgias”, diz. Cirurgia que ela pede “não por estética, mas por precisão”, porque “o pus está comendo meu rosto”.
Mas o pior são as feridas de dentro. Impossibilitada de sentir cheiros, com dificuldade para caminhar nas ruas, sofrendo com os apelidos de “ceguinha” que ouve ao sair de casa e incapaz de se olhar no espelho sem cair no choro, Dayane sofre de depressão e não consegue mais trabalhar. “Dependo da minha mãe para tudo, até para comprar papel higiênico”, resume.
Desde o início deste ano, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo move uma ação por danos morais e materiais, no valor de R$ 568.195, contra o Estado de São Paulo. É ali que mora a esperança de Dayane por justiça.
E o Estado, o que diz?
Procurada na manhã de hoje pela Ponte, a assessoria de imprensa do Hospital das Clínicas ainda não se manifestou.
Atualizado em 20/9, às 15h40 – A assessoria do Hospital das Clínicas afirmou em nota:
O Hospital da Clínicas da FMUSP esclarece que a paciente Dayane de Oliveira Magalhães passou por exames no dia 19/09/2016 e teve cirurgia agendada para 21/10/16. O hospital esclarece ainda que, a paciente vem sendo acompanhada por equipe multidisciplinar desde 2013. A instituição está a disposição para qualquer esclarecimento.
A Ponte também procurou, na tarde de ontem, as assessorias de imprensa da Secretaria da Segurança Pública e da Polícia Militar. Não teve resposta.
Atualizado em 20/9, às 12h10 – A assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública enviou a seguinte nota:
A Corregedoria da Polícia Militar informa que um Inquérito Policial Militar foi instaurado para apurar os fatos. O caso foi encaminhado para a Justiça Militar Estadual. A PM aguarda o retorno do inquérito para o cumprimento de cota. O 89º DP também investiga o caso por meio de inquérito policial.
É muita violência que acaba sendo absorvida dentro da “normalidade”, ou cai no esquecimento e no descaso dos órgãos que deveriam ser competentes para proteger a vida.
Querida não conte com indenizações ganhas contra este governo do Alkimista, pois serão pagas com precatórios e ai sabe-se lá quando irão liberar. Para cobrarem o fazem com as duas mãos, mas pagarem com contagotas.
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