Manifestações de solidariedade vieram de figuras públicas e de jornais internacionais que dedicaram suas páginas para repercussão dos assassinatos ocorridos há uma semana
A família de Marielle Franco, assassinada ao lado do motorista Anderson Gomes na quarta-feira passada (14/3), recebeu o telefonema do Papa Francisco, autoridade máxima da igreja católica, antes da missa de sétimo dia da vereadora nesta terça-feira. “Francisco ligou para Marinette, mãe da vereadora do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), defensora dos direitos humanos e relatora da comissão responsável por investigar a Intervenção Militar no Rio de Janeiro, para comunicar seu afeto e solidariedade”, indicou o Vatican Insider, o site do jornal italiano “La Stampa” especializado em notícias do Vaticano.
Mas a morte de Marielle não afetou apenas o sumo pontífice. Outras personalidades internacionais também se manifestaram nos últimos dias a respeito do tema. A atriz Viola Davis, por exemplo, fez uma postagem na redes sociais Twitter e no Instagram com um link sobre a história de Marielle e escreveu: “Apenas li sobre essa corajosa mulher #MarielleFranco, que lutou pelos direitos dos pobres nas favelas. Eu estou e luto com o Brasil! Viva Marielle e Anderson”.
A cantora Katy Perry, que estava em turnê no Brasil, durante o show no domingo (18/3) na Praça da Apoteose, no Rio, chamou ao palco a irmã e a filha de Marielle e pediu que no telão, no palco, fosse exibida uma foto da vereadora. Após abraçá-las, Katy ficou entre as duas e pediu um momento de silêncio para homenagear a parlamentar.
A ex-modelo Naomi Campbell, que também é negra, se manifestou no dia seguinte ao crime, na conta dela no twitter. “Me entristece ouvir que Marielle Franco, que dedicou sua vida à luta contra o racismo, preconceito e violência policial, foi assassinada. Vamos, Brasil! Levante-se!”. Em postagem na mesma rede, o ator e drag queen RuPaul afirmou que a morte de alguém como Marielle foi uma perda não só para o Brasil, mas para o mundo.
O ator Jesse Willians também prestou sua homenagem à vereadora. Jesse é conhecido por combater o racismo, o que ficou bem evidente em um discurso que fez no Black Entertainment Awards, em 2016, quando foi homenageado na categoria Prêmio Humanitário justamente pelo engajamento no movimento negro. Na postagem do instragram, Jesse replica uma imagem que está em reportagem de Glenn Greenwald e um trecho em que o jornalista lembra as lutas de “uma mulher negra, vinda da favela da Maré e que lutava contra o genocídio da população negra e pela causa LGBT”. Também, no trecho destacado por Jesse, Glenn rememora a vitória de Marielle nas eleições de 2016, quando se tornou a quinta vereadora mais votada do Rio, uma das principais cidades de um país ainda racista, sexista e muito influenciado pelos dogmas de religiões tradicionais”. A legenda da foto diz que “Marielle era exatamente o que o Brasil precisa, mas que falta infelizmente – pessoas que entendem a situação da maioria dos brasileiros”.
O The Washigton Post estampou na primeira página da segunda-feira (19/3) duas imagens – uma foto dos protestos e uma de Marielle – e a chamou de “símbolo global”. A reportagem traz como título “Uma política negra foi morta a tiros no Rio. Agora é um símbolo global” e afirma que a morte dela reascendeu a discussão sobre racismo e opressão no país. Nesta terça-feira (20/3), voltou a tratar do tema, ao trazer a cobertura da missa de sétimo dia e dos protestos que continuam acontecendo no Rio de Janeiro e em outros locais do país, lembrando que “milhares de pessoas cobram uma resposta para as execuções e a punição dos culpados”.
No The Guardian, a colunista Chitra Ramaswamy escreveu um texto analítico no início da semana em que afirma que “A ativista política brasileira – negra, homossexual e mãe solteira – foi uma lutadora destemida em um país atolado em racismo e desigualdade. O assassinato dela precisa reverberar ao redor do mundo”. No francês Le Monde, na segunda-feira, uma ampla cobertura sobre os protestos e a constatação de que “a militância de Marielle incomodava”.