‘Delação é Justiça para além dos três P’s”, defende Janot, procurador-geral da República

    Durante evento nos Estados Unidos, procurador-geral da República diz que Justiça brasileira sempre serviu para punir “pobre, preto e prostituta”

    Caramante
    O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, durante evento nos Estados Unidos – Imagem: Reprodução de Vídeo

    O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou nesta segunda-feira (17/07), que as delações premiadas no sistema judicial brasileiro abriram a porta para que a Justiça atinja não apenas pobre, preto e prostituta.

    “A porta se abriu, e vamos mostrar que, pelo menos, começa a receber algum tipo de contestação aquela definição da Justiça dos 3 P’s”, afirmou Janot, durante palestra no Wilson Center, em Washington, nos Estados Unidos.

    Para a plateia de jornalistas, advogados, juízes e procuradores, Janot defendeu o polêmico acordo que deixou livres os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, maior rede de frigoríficos do mundo, após a apresentação de gravações que comprometeram o presidente Michael Temer (PMDB) e outros políticos.

    Segundo Janot, ninguém fica contente em dar imunidade a um criminoso, mas sem o acordo, a Operação Lava-jato não iria tão longe. O acordo com os irmãos Batista possibilitou que ambos não fossem presos pelos crimes que confessaram.

     “O que a gente via no Brasil até há pouquíssimo tempo atrás? Falando linguagem bem aberta, sempre se disse no Brasil e todos nós repetimos, que a Justiça brasileira servia a três P’s dentro da realidade do Brasil: pobre, preto e prostituta. E não alcançava ninguém acima desse estrato social”, afirmou procurador-geral.

    Questionado por uma advogada criminalista brasileira sobre a liberdade para crimes de “colarinho branco”, Janot respondeu que a culpa não é da delação premiada – instrumento que passou a valer na Justiça Brasileira em 2013 – e, sim, porque o sistema penal está falido. “Temos problemas estruturais gravíssimos, a estimativa que para toda essa população carcerária [cerca de 700 mil pessoas] com a grande maioria de preso provisório, nós temos em torno de 15 a 17% de crimes que foram apurados”.

    E completou: “Se a gente for fazer um levantamento de quem são as pessoas presas no Brasil é isso aí: furto, pequeno tráfico… Por quê? É o sistema que está errado como um todo, então, eu não posso creditar tudo isso a questão do acordo”.

    Aqui está o vídeo da palestra de Rodrigo Janot. A fala dele sobre os “três P’s” está a partir da 1h11min.

     

     

     

     

     

     

     

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