Juiz negou pedido de prisão para Renato Oliveira, ex-subsecretário de comunicação de Embu das Artes (SP), mas determinou que ele fique a pelo menos 300 metros do jornalista agredido
Denunciados por tentativa de homicídio contra o jornalista Gabriel Binho, em Embu das Artes, na Grande São Paulo, o ex-subsecretário de Gestão Tecnológica e Comunicação da prefeitura. Rodrigo Oliveira, e o agente penitenciário Lenon Roque responderão ao processo em liberdade. A decisão foi do juiz Rodrigo Aparecido Bueno de Godoy, da 1ª Vara Criminal do município, que, no último dia 23, negou o pedido de prisão preventiva da dupla, feito pelo Ministério Público.
Oliveira e seu amigo Lenon estavam num automóvel Hyundai i30 que, em 28 de dezembro, atingiu a moto que Binho dirigia, próximo ao quilômetro Km 279 da rodovia Régis Bittencourt. Binho, que é colaborador do site Verbo Online, afirma que a dupla atirou em sua direção e que o ataque foi motivado por reportagens e charges críticas feitas por ele ao prefeito Ney Santos (PRB).
O ex-subsecretário admite que seguiu o jornalista com seu carro, mas diz que “esbarrou” na moto por acidente e nega que tenha disparado tiros. Segundo o advogado dos réus, Robson Cyrilo, “em nenhum momento teve arma de fogo” e “não foram sequer encontradas cápsulas, como ele [Binho] alega”.
A promotora Alice Monteiro Melo Sampaio Camargo denunciou Oliveira e Roque por tentativa de homicídio e pediu à Justiça que fossem presos preventivamente. O juiz acolheu a denúncia, mas negou o pedido de prisão, por considerar que ambos são réus primários e não apresentam risco de fuga.
Por telefone, o advogado dos dois denunciados, Robson Cyrilo, informou que “a decisão [do juiz] levou em consideração o fato de Renato ter uma filha [de 11 anos]”. Ainda de acordo com a decisão do magistrado, os réus precisam manter uma distância de pelo menos 300 metros de Binho. Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo, o processo corre em segredo de justiça.
Sobre a sentença, Binho disse achar “lamentável”. “A promotora foi correta de ter pedido a prisão preventiva deles”, avaliou.
O advogado dos réus contou que, no último dia 28, pediu a perícia de um pendrive onde existe uma conversa entre Oliveira e a mãe do jornalista, no qual ela afirma acreditar que o filho teria inventado a denúncia. O jornalista afirma que a conversa é real, mas que sua mãe só disse aquilo por estar “com medo” de uma possível retaliação de Oliveira contra sua família.
No dia 19 do mês passado, a Prefeitura de Embu das Artes afastou Renato Oliveira do cargo, depois que a Polícia Civil o indiciou por lesão corporal grave, sob o argumento de que o caso teria tomado grande repercussão na mídia e que aguardava o final do processo.
Inicialmente filiado ao Movimento Brasil Livre (MBL), Oliveira tornou-se uma celebridade da direita em 2016, quando foi repreendido pelo apresentador Jô Soares por gritar “Viva Bolsonaro” durante uma gravação do programa. Passou a ser conhecido como “Menino do Jô”. Afirma ter deixado o MBL no mesmo ano, segundo ele, para se dedicar à campanha de Ney Santos.