Cinco ex-detentos narram o impacto do período na prisão em suas vidas. Todos tentaram, mas jamais conseguiram trabalho com carteira registrada após a prisão
Só quem já foi preso no Brasil conhece as dores e as marcas, eternas, deixadas pelo sistema penitenciário. Cinco pessoas que passaram pelo Carandiru, o maior complexo penitenciário que já existiu na América Latina, localizado em São Paulo, contam suas histórias de vida no documentário Depois das Grades.
A partir das narrativas de Cristiano Simplício, Edenilson Leal, Aldidudima Salles e Daniel Gomes, além de Luciana Barbosa, que viveu na Penitenciária Feminina Sant’Ana, que funciona até hoje dentro do parque da Juventude, onde era o Carandiru, é possível ter uma noção dos problemas que a desigualdade social proporciona a muitos brasileiros. Todos tentaram, mas jamais conseguiram trabalho com carteira registrada após a prisão.
Dois foram impedidos por solicitações de antecedentes criminais; teve quem conseguiu aposentadoria através de um benefício de assistência social; e ainda há quem não se encontrou fora da cadeira e faz o que for preciso para não passar fome.
Em meio às histórias, analistas debatem a funcionalidade do sistema penitenciário brasileiro. Isolando o cidadão que infringiu a lei de um ciclo social, a expectativa é de que ele seja reinserido naquela mesma sociedade. Ou seja, há contradição no atual modelo, que, segundo cinco pessoas que têm cicatrizes psicológicas e físicas que a cadeia deixou, não pensa no Depois das Grades.
Este trabalho foi desenvolvido por Arthur Stabile, Bruna Schiavo, Carolina Rodriguez, Christian Bender, Jessica Cidrao, Luís Adorno e Victor Faria como Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo, da Universidade Anhembi Morumbi (SP), entregue em novembro de 2014.
Eles narram, também, as dores das vítimas?