O amor levou Marcelo Loreno a deixar o PCC, por quem matava e morria, por uma vida longe do crime, mas ele sofre com a falta de oportunidades: “Se a sociedade fecha as portas, o crime espera de braços abertos”
Os 23 anos em que ficou preso, 15 dos quais como integrante da organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), não embruteceram o coração de Marcelo Loreno, 47 anos. Sentado à cabeceira da mesa do belo apartamento onde vive com a esposa e a filha, na zona leste da cidade de São Paulo, seus olhos ainda marejam quando lembra do dia em que foi abandonado pela mãe, na praia de Santos, litoral paulista.
Marcelo, que chegou a se achar um monstro dentro do sistema prisional, além fazer alguns bicos como pintor, atua como voluntário junto a pessoas em situação de rua no Pátio do Colégio e na Praça da Sé, centro da cidade, onde distribui sopão e café. Aos domingos sai de casa às cinco de manhã, para visitar dependentes químicos — muitos com problemas com a Justiça — de áreas vulneráveis nas quebradas paulistanas, levando pão, café, leite e a palavra divina, que orienta sua vida — primeiro como membro da Igreja Mundial do Reino de Deus e hoje na igreja que ele próprio fundou.
A iniciativa de Marcelo une duas pontas muitos frágeis da sociedade e ao mesmo tempo atua numa lacuna do Estado. “Os grupos mais vulneráveis hoje são a população carcerária e as pessoas em situação de rua, e são as que mais precisam de políticas públicas”, afirma Sidney Teles, articulador da Raesp (Rede de Apoio ao Egresso), organização carioca que reúne 15 instituições parceiras voltadas à inserção social do egresso. “Não existe uma política pública nacional de assistência à pessoa egressa. As pessoas saem, ficam sem perspectiva e acabam reincidindo”, diz Mariana Leiras, assistente social de uma das fundadoras da Raesp.
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