Dia da Consciência Negra em São Paulo

    Veja o roteiro de exposições e shows pela cidade. No Sesc Vila Mariana, zona sul de SP, estreia a exposição Zumbi – A Guerra do Povo Negro, com curadoria do jornalista Audálio Dantas e conta com ilustrações do artista plástico Fernando Vilela e fotografias de Tiago Santana
    Caramante
    Imagem que faz parte da exposição “Zumbi – A Guerra do Povo Negro”, que curadoria do jornalista Audálio Dantas e conta com ilustrações do artista plástico Fernando Vilela e fotografias de Tiago Santana | Foto: Tiago Santana

    Dia 20 de novembro marca a morte de Zumbi dos Palmares e data escolhida para celebrar o Dia Nacional da Consciência Negra.  A cidade de São Paulo apresenta uma longa programação com mostras e shows.

    O Sesc Vila Mariana inaugura a exposição Zumbi – A Guerra do Povo Negro, com curadoria do jornalista Audálio Dantas e conta com ilustrações do artista plástico Fernando Vilela e fotografias de Tiago Santana.  A mostra, gratuita e aberta ao público até o dia 31 de janeiro de 2016, reconstrói toda a vida de Zumbi pelo traço de Vilela. Coube a Santana captar com sua lente o cotidiano das comunidades que vivem da Serra da Barriga, região onde existiu o quilombo de Palmares. A montagem também marca a efeméride de 360 anos de nascimento de Zumbi e os 320 anos desde sua morte.

    “Creio que essa exposição veio num momento oportuno, quando vemos uma explosão de racismo no país presente principalmente nas redes sociais, numa maré de ignorância e preconceitos”, diz o curador Audálio Dantas.

    A ideia da mostra é resgatar a vida de Zumbi, figura histórica considerada por Dantas como fundamental para a formação do povo brasileiro. “Uma história de resistência, foram quase 100 anos de lutas, propositalmente deixados de lado da história oficial do país por uma elite que não se assume racista. ”

    Nenhum registro foi feito da vida de Zumbi ou mesmo do quilombo. “Não há material iconográfico apesar de muitos artistas plásticos circularem pelo país naquele período. Uma demonstração clara de que aquilo era coisa de ‘negro’ e deveria ficar à parte”. Daí a proposta de recriar os principais episódios desse período por meio de ilustrações. O ensaio fotográfico mostra a marginalização de grande parte da população pobre e mestiça, um convite à reflexão do passado e da situação atual do Brasil.

    Caramante
    Imagem que faz parte da exposição “Zumbi – A Guerra do Povo Negro”, que curadoria do jornalista Audálio Dantas e conta com ilustrações do artista plástico Fernando Vilela e fotografias de Tiago Santana | Foto: Tiago Santana

    A mostra AquiAfrica no Sesc Belenzinho tem curadoria de Adelina von Fürstenberg e projeto da ART for the World e se propõem a apresentar a África através dos olhos de 13 artistas contemporâneos, de diferentes gerações, originários de onze países da África subsaariana – ou África negra.

    Entre os destaques, o camaronense Barthélémy Toguo montou a instalação Estrada para o Exílio sobre o vidro que cobre uma das piscinas da unidade. Um barco de aproximadamente 8 metros de comprimento flutua sobre um mar de garrafas PET, em torno de mil, equilibrando uma torre de sacolas plásticas e trouxas de roupas, numa alusão aos barcos de imigrantes que se arriscam no mar em busca de refúgio em outros países. Vale conferir o curta Dignidade (N’Dimagou, 2008 – 3’15’’), um trecho do longa Histórias de Direitos Humanos, produzido para o 60° aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem, do cineasta Abderrahmane Sissako, da Mauritânia. A mostra é gratuita e fica em cartaz até 28 de fevereiro de 2016. A programação completa e mais informações pelo site: sescsp.org.br

    Joel Rufino dos Santos, um guerreiro

    O Museu Afro presta uma homenagem a um dos nomes de referência sobre o estudo da cultura africana no país com a exposição Um tributo ao historiador Joel Rufino dos Santos, falecido no último dia 4 de setembro. Durante a abertura da mostra, marcada para às 12h30, o público poderá apreciar uma performance literária e musical com a leitura dramatizada do texto A Botija de Ouro com o Teatro Studio Heleny Guariba/Núcleo do 184, a atriz Dirce Thomaz e o músico Beto Kpta.

    Em parceria com a Fundação Pierre Verger, o público poderá ouvir narrativas africanas ou afro-brasileiras com a pesquisadora, dona Cicí, às 10h30, no evento Aos Pés do Baobá. Ela também ministrará a Oficina de Culinária Criativa Cozinhando História, voltada ao preparo de abará, vatapá, cuscuz de tapioca e lelê. Para conferir a programação completa basta acessar o site: http://www.museuafrobrasil.org.br

    As cinco unidades das Fábricas de Cultura recebem o espetáculo A Viagem dos Eborás entre os dias 20 e 22 de novembro do Makala Música & Dança, um dos grupos artísticos do Grupo Cultural AfroReggae. A peça foi inspirada na Criação do Mundo, uma lenda africana que conta como as divindades construíram a vida na Terra e como se origina toda tradição negra. Ao final das apresentações, haverá bate papo com o grupo. Entrada franca – serão distribuídos 290 ingressos uma hora antes do espetáculo.

    O grupo Os Opalas se apresenta na Fábrica de Cultura Capão Redondo, às 18h desta sexta (dia 20). O show contará com baile de abertura conduzido pelo DJ Negão. Mais informações no site da Secretaria de Estado da Cultura (www.fabricasdecultura.org.br).

    Para fechar, ao longo do dia, o Vale do Anhangabaú recebe extensa programação que tem como tema “Consciência Negra e Inclusão – Rumo ao Centenário do Samba”. Entre os artistas convidados, marcam presença Chico César com show previsto para às 16; Rappin`Hood às 19h e a partir das 20h Jorge Aragão sobe ao palco com Arlindo Cruz e Alcione. O encerramento fica por conta da escola de Samba Vai Vai. Todas as atividades podem ser conferidas pelo site: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/igualdade_racial/noticias/?p=206644

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