Em entrevista à Ponte, DJ fala sobre a angústia que viveu durante os sete meses em que ficou preso no Complexo de Gericinó, no Rio de Janeiro
Rabada com agrião, família e música era o que Rennan da Penha mais sentia falta quando estava na prisão, em uma cela de cerca de 15m², em Bangu 9. Ele também passou por Bangu 2. Preso por sete meses no Complexo de Gericinó, Rennan contou à Ponte que sentia uma angústia enorme em estar naquele lugar.
No dia 20 de março, Renan Santos da Silva, o maior DJ de funk do Brasil atualmente, conhecido pelo hit “Baile da Gaiola”, foi preso acusado de associação ao tráfico e acabou condenado a seis anos e oito meses de prisão em regime fechado. Ele havia sido inocentado em primeira instância, no entanto, depois que o Ministério Público do Rio de Janeiro entrou com recurso, o DJ acabou condenado.
“Os dias que fiquei no presídio eram cheios de tédio, angústia, agonia. Dias normais para qualquer pessoa naquela situação, tendo que encarar tudo de uma forma ou de outra”, disse. “Senti muita falta de casa, só pensava em voltar para minha família, pedia a Deus todo dia para sair dali”, completou Rennan, que trabalhava com serviços gerais dentro do presídio Bandeira Stampa, conhecido como Bangu 9.
A liberdade de Rennan foi concedida no dia 23 de novembro, com a mudança de entendimento de prisão em segunda instância feita pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Ele vai responder ao processo em liberdade.
“Quando sai daquele lugar, daquela cela e vi que estava livre me senti nascendo de novo. É uma sensação que não tem como explicar ou descrever, só quem sente sabe, só quem viveu na pele. Eu posso falar para vocês que foi um dos dias mais felizes da minha vida, ou melhor, o dia mais feliz da minha vida”, comentou.
Rennan da Penha ficou famoso por comandar o maior baile funk do estado do Rio de Janeiro, que reunia cerca de 25 mil pessoas, um local entre as duas favelas cariocas da Zona Norte, Vila Cruzeiro e Chatuba da Penha – por isso o apelido. Produtor de hits como “Me joga” e “Vou parar na gaiola”, do MC Livinho, ele foi convidado até pela cantora Ludmila para tocar no carnaval de rua no Centro do Rio, no ano passado. Criador do funk 150bpm, aquele famoso funk acelerado, trouxe autenticidade e identidade da favela para artistas com quem trabalhou.
Em outubro, Rennan foi um dos vencedores do Prêmio Multishow com a música “Hoje eu vou parar na gaiola”, parceria com MC Livinho. Quem compareceu a premiação para representá-lo, já que ele estava preso, foi sua esposa. Segundo o DJ, ele só soube do prêmio através de um jornal dentro da prisão.
“Eu sou um garoto da favela. Nunca achei que a música ia mudar tanto minha vida como mudou. Quando eu era novo quis ser desenhista, depois mudei de ideia e quis ser diretor de cinema, mas não tive oportunidade que precisava para conquistar esse sonho. Agora, tenho que tocar minha vida e eu levo meu sustento e da minha família através do funk. Nunca pensei que fosse ser assim. O funk representa tudo na minha vida”, declarou a Ponte através de áudio no Whatsapp.
Depois que saiu da prisão, Renan da Penha assinou um contrato com A Sony Music e o primeiro projeto será um DVD com previsão de ser gravado em janeiro, de acordo com a gravadora.