Jornalista e cocriador do movimento negro brasileiro explica como a desumanização baseada na cor da pele estrutura as desigualdades brasileiras
Para entender o racismo, é preciso entender suas bases e estruturas sobre as quais ele foi criado. E, segundo o professor e jornalista Edson Cardoso, uma dessas bases é o estigma. Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) e Mestre em Comunicação pela universidade de Brasília, o professor concedeu uma entrevista à Ponte.
“A estigmatização é desumanizadora”, afirma o professor Cordeiro ao explicar que a prática de estigmatizar tem como objetivo de “animalizar o outro”. A prática da desumanização atinge corpos, etnia, gênero, territórios e funciona também como base estruturante do racismo e demais violências e desigualdades.
Segundo Cardoso, “o racismo atravessa a nossa sociedade desde sempre”, e a luta dos movimentos negros passa pela construção de uma sociedade mais justa e igualitária, com equidade por direitos. Para isso que isso aconteça é necessário que se combata o racismo estrutural enraizado na sociedade, uma vez que a desigualdade racial construída historicamente funciona como base das violências que sofrem corpos negros e não brancos e habita o imaginário social, impedindo qualquer avanço de uma sociedade rumo a democracia.
Edson Cardoso foi um dos fundadores do Movimento Negro Unificado (MNU) e Iidera o Centro de Documentação, Comunicação e Memória Afro-Brasileira Ìrohin, que na língua iorubá, significa notícia.
É defensor da poesia como gesto político e, como profissional da área de comunicação, destaca a necessidade de o Estado cobrar da imprensa brasileira uma postura contra o racismo no Brasil.