Preso desde 2002, ele foi condenado pelo assassinato do jornalista, sequestrado e torturado em uma favela do Rio de Janeiro durante uma investigação
[Reportagem em apuração e será atualizada nas próximas horas]
Funcionários do Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná, encontraram morto o preso Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, nesta terça-feira (22/9). Ainda não se sabe a causa de sua morte.
Maluco foi condenado pelo assassinato do jornalista Tim Lopes, da TV Globo, em 2002, no Rio de Janeiro, e integrava o CV (Comando Vermelho), principal facção criminosa do estado.
Nota emitida pelo Depen (Departamento Penitenciário Nacional) diz que a Polícia Federal foi acionada para fazer a perícia e que a família de Elias Maluco foi comunicada pelo Serviço Social.
Maluco recebeu pena de 28 anos e seis meses de prisão pelo assassinato do repórter. Além dele, outros seis integrantes da facção foram condenados pelo crime.
Em 2 de junho daquele ano, Tim apurava uma denúncia de tráfico de drogas e abuso sexual de adolescentes em um baile funk na Vila Cruzeiro, favela no bairro da Penha, quando reconhecido e capturado por traficantes.
Os criminosos, que atuavam a mando de Elias Maluco, segundo a Justiça, o levaram para outra favela, no Complexo do Alemão, e torturaram o repórter antes de matá-lo. Seu corpo, encontrado carbonizado, foi identificado somente por exame de DNA, com resultado em 5 de julho.
Tim deu nome ao um projeto da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) para combater a violência contra jornalistas. A Ponte faz parte do Projeto Tim Lopes junto de Agência Pública, Correio (BA), O Globo, Poder 360, Projeto Colabora, TV Aratu, TV Globo e Veja.
A confirmação de que Tim havia sido assassinado por traficantes se deu uma semana depois do crime. Em 7 de agosto de 2002, Elias Maluco já era apontado como o mandante do crime, tendo determinado que oito de seus subordinados atuassem na execução.
Foram três meses até a prisão do integrante do Comando Vermelho. Uma operação policial na Favela da Grota, em 19 de setembro, terminou com sua captura.
Elias Maluco cumpria pena em Catanduvas desde novembro de 2007. Passou por períodos nas prisões federais de Porto Velho, em Rondônia, e de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, depois retornando à unidade paranaense.
A ida para o Norte do país se deu por conta de intensos ataques na região metropolitana do Rio em 2010. Na época, pelo menos 36 pessoas morreram em supostos confrontos com a polícia.
Em 2019, recebeu habeas corpus do ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), em processo por associação ao tráfico. Permaneceu preso por conta da condenação envolvendo Tim Lopes e outros quatro processos. Ao todo, as penas à que foi condenado somavam 59 anos de prisão. A decisão, posteriormente, foi revogada.
Ainda em nota sobre a morte de Elias, o Depen informou que “preza pelo irrestrito cumprimento da Lei de Execução Penal” e que “todas as assistências previstas no normativo são garantidas aos privados de liberdade”.
[…] CONTINUE LENDO AQUI […]
[…] Por Arthur Stabile, da Ponte […]