Corpo do ex-soldado da PM Wesler Batista estava com cordão enrolado no pescoço dentro da carceragem do 72º DP (Vila Penteado), zona norte de SP
O ex-policial militar Wesler Marcos de Oliveira Batista, 38 anos, foi encontrado morto na carceragem do 72º DP (Vila Penteado), zona norte de São Paulo, no fim da madrugada do dia 15 deste mês. A morte do ex-militar é investigada pela Corregedoria da Polícia Civil.
Dias antes de ser encontrado morto na cela do 72º DP, Wesler foi preso dentro do Fórum de Santana, onde havia ido para acompanhar os andamentos dos processos nos quais era réu pelo homicídio contra um jovem e da tentativa de assassinato de um casal de namorados. Todos os crimes ocorreram, segundo a Polícia Civil, na zona norte de São Paulo.
Em um dos casos, Wesler foi condenado a 14 anos de prisão por matar o adolescente Rafael Thiago Mogui, 16 anos, filho da major reformada da PM Margarida Marciano Leite Mogui. O assassinato do filho da oficial da PM aconteceu em novembro de 2001, na Favela do Peixeiro, na região do Jaçanã.
Quatro meses depois de ter sido expulso da PM, Wesler tentou matar a tiros, em junho de 2003, um casal de namorados quando as vítimas chegavam em casa, na Vila Sabrina.
O ex-militar trabalhava como segurança particular e recorria em liberdade da condenação pela morte de Rafael Mogui. Quando foi ao Fórum de Santana para saber de sua situação processual, Wesler foi surpreendido pela ordem de prisão contra ele.
Levado para o 40º DP (Vila Santa Maria), onde foi realizado o registro de sua prisão em decorrência da ordem judicial, Wesler foi transferido para a carceragem do 72º DP, delegacia que conta com uma carceragem para abrigar provisoriamente quem é capturado na zona norte da cidade de São Paulo.
Na condição de ex-policial militar, Wesler, segundo policiais civis ouvidos pela reportagem, deveria ter sido encaminhado, por questão de segurança, para a carceragem do 8º DP (Brás/Belém), na zona leste de São Paulo, onde costumam ficar provisoriamente os ex-agentes públicos das forças de segurança presos na capital paulista. Do 8º DP, Wesler teria de ser encaminhado para uma penitenciária, provavelmente a de Tremembé, no interior de São Paulo, onde ficam presos que não são aceitos pela massa carcerária ou aqueles de casos de grande repercussão.
Responsável pelas primeiras apurações sobre como a morte de Wesler aconteceu, o delegado Marcos Paulo C. da Silva, do 72º DP, descreveu a morte do ex-PM assim: “O preso Wesler encontrava-se com um cordão envolto em seu pescoço, sendo que a outra extremidade se encontrava fixa junto à grade da cela em que este se encontrava”.
“A existência de condenação definitiva em face de Wesler impedia seu encaminhamento para qualquer outra unidade que não seja aquela especificada pelo próprio sistema prisional (penitenciária), motivo pelo qual, permaneceu ele afastado dos demais [presos], junto à carceragem desta distrital, aguardando sua transferência”, continuou o delegado Marcos Silva.
“Todos os presos [que estavam nas celas do 72º DP] ouvidos foram unânimes em informar que nada de irregular perceberam, bem como não ouviram nenhum pedido de socorro proveniente da ala em que preso Wesler estava detido”, concluiu o delegado.
Wesler foi enterrado no dia 17 deste mês, no Cemitério da Vila Nova Cachoeirinha. A causa de sua morte foi asfixia mecânica causada por enforcamento, segundo os documentos da investigação.
Procurado pela reportagem para se manifestar sobre a morte de Wesler enquanto ele estava sob custódia do Estado de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, secretário da Segurança Pública da gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), enviou a seguinte nota, por meio da empresa particular CDN Comunicação, em resposta aos questionamentos da reportagem:
“A Polícia Civil informa que o 72º DP instaurou inquérito para apurar o caso. No mesmo dia, testemunhas, os policiais e inclusive os presos que estavam no distrito foram ouvidos em depoimento. A polícia aguarda o resultado do laudo de exame necroscópico, além da perícia do local e do tecido, para confirmar a causa e as circunstâncias da morte. A Corregedoria da Polícia Civil acompanha”.