Matheus Melo de Castro estava de moto, na Favela do Jacarezinho, quando foi baleado; familiares acusam ataque de policiais por ele estar sem capacete
“Oh, cara… eu não tenho condições de falar nada. A minha irmã que está falando, dando entrevista, eu não estou em condições de falar nada. Eu estou com a cabeça a mil, eu mesmo não tenho condições”. O relato com voz embargada é de Wellington Melo menos de 24 horas após a morte de seu filho, Matheus Melo de Castro, 23 anos, baleado na favela do Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro. A família acusa a PMERJ (Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro) de ter executado o jovem.
Matheus estava de moto por volta de 22h de segunda-feira (13/3) depois de ter participado de um culto evangélico em Manguinhos, comunidade ao lado do Jacarezinho. Após o encontro com outros membros da igreja, levou a namorada até sua casa, na comunidade vizinha. Na volta, o rapaz passou por uma viatura de patrulha da polícia militar, quando acabou baleado no braço esquerdo e no tórax e não resistiu aos ferimentos, segundo relatos da família.
Para os parentes, o fato de Matheus não usar capacete fez com que os PM atirassem sem nem ao menos abordá-lo. “Meu filho era trabalhador. Mataram ele covardemente. Ele estava vindo na moto, deixou a namorada em casa e bateu de frente com a viatura [da polícia], que saiu fuzilando ele”, disse o pai, em entrevista ao jornal O Dia, poucas horas após seu filho ser baleado. Na mesma noite houve um ataque à UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) de Manguinhos.
Ao verem Matheus baleado na Avenida Dom Hélder Câmara, pessoas que passavam pela região o levaram pra UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Manguinhos, mas o jovem não resistiu aos ferimentos causados pelos tiros. “É uma dor muito grande. Parece que nos arrancaram um pedaço à força. Meu irmão está transtornado, e minha cunhada precisou ser dopada. Só a misericórdia! Eles estão muito mal”, lamentou uma tia do rapaz, em entrevista ao jornal Extra.
“Segundo o comando da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Manguinhos, no final da noite desta segunda-feira, policiais foram informados que o jovem Matheus Melo de Castro, de 23 anos, teria sido baleado na Avenida Dom Helder Câmara e socorrido por moradores para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Manguinhos”, informou a PMERJ, em nota.
Matheus trabalhava como terceirizado de agente de coleta seletiva na FioCruz (Fundação Oswaldo Cruz), localizada na mesma região da comunidade em que morava. Segundo a família, ele era funcionário em um lava jato quando conseguiu o trabalho de carteira assinada. Já estava há seis anos no departamento de gestão ambiental.
O enterro de Matheus Melo acontecerá nesta quarta-feira (13/3) no Cemitério da Penitência, no Caju.
*Com informações da Agência Brasil