Família de rapaz morto na Favela do Moinho faz denúncia na Corregedoria

    Segundo advogado, testemunhas relataram que viram sacola que possivelmente levava arma para forjar resistência

    Família de morto na Favela do Moinho foi à Corregedoria | Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo

    A família do jovem Leandro de Souza Santos, 18 anos, morto após ser baleado por policiais da Rota (Rondas Ostensiva Tobias de Aguiar, grupo de elite da Polícia Militar paulista), na última terça-feira (27/06), na Favela do Moinho, centro de São Paulo, foi à Corregedoria da Polícia no início da noite desta sexta-feira (30).

    De acordo com o advogado Ariel de Castro Alves, membro do Condepe (Conselho Estadual de Direitos Humanos), que acompanhou a ida dos familiares até a Corregedoria. A dona da casa onde Leandro foi morto, a mãe, irmão e irmã do jovem prestaram depoimento. Também foram entregues vídeos e fotos da atuação da PM na ação ocorrida na favela.

    O advogado afirma que a dona da casa relatou que o jovem foi torturado antes de morrer. “A proprietária viu o martelo ensanguentado”, diz Alves. No entanto, o membro do Condepe ainda ressalta que “como o som estava alto, ela não pode afirmar se houve tortura”.

    Alves conta que as quatro testemunha disseram que os PMs, todos sem a tarjeta de identificação, impediram os familiares de entrarem na casa e “disseram que nada ia acontecer com Leandro, mas quando chegou a maca os familiares se desesperaram”.

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    As testemunhas ainda relataram, de acordo com Alves, que os PMs portavam “uma sacola plástica, onde possivelmente carregaram a arma“, e levaram para dentro da casa onde Leandro estava baleado. As armas seriam para simular resistência, versão dada pelos PMs. As testemunhas, no entanto, não chegaram a ver o armamento, mas afirmam que Leandro não tinha arma.

    Ainda segundo Alves, após pedido do Condepe, o procurador-geral de Justiça Gianpaolo Poggio Smanio determinou que a promotora Soraia Bicudo, da 1ª Vara do Júri, faça o acompanhamento das investigações e o Inquérito Policial.

    Os PMs cabo José Carlos Paulino da Costa e 1º sargento Pierre Alexandre de Andrade, que teriam sido os autores dos disparos contra Leandro, foram afastados da PM, segundo Alves.

    Conforme o advogado, a Corregedoria instaurou um IPM (Inquérito Policial Militar) e os PMs já foram ouvidos pelo quartel do Comando de Choque. Outras testemunhas devem ser ouvidas na próxima semana. “A Corregedoria está empenhada em esclarecer os fatos”, conta Alves.

    Outro lado*

    Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo), que é administrada pela empresa terceirizada CDN Comunicação, enviou a seguinte nota:

    A Polícia Militar informa que nesta data (30) foram ouvidas novas testemunhas da operação na Comunidade do Moinho para a Corregedoria PM, que avocou o inquérito policial-militar (IPM) instaurado inicialmente pelo Comando de Policiamento de Choque. O DHPP também investiga o caso por meio de inquérito policial para apurar as circunstâncias da morte de Leandro de Sousa Santos“.

    *Atualizada às 23h11 com o posicionamento da SSP-SP

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