Carlos Eduardo Assalim foi abordado na noite do último domingo (23) e precisou ser internado para tratar ferimentos graves
A londrinense Ana Caroline Matos diz que não dorme nem se alimenta direito há três dias, desde que seu sobrinho, Carlos Eduardo Assalim, de 19 anos, foi parar no hospital com graves ferimentos no corpo e no rosto, no noite do último domingo (23/1). Na imprensa, a notícia era de que o rapaz estava empinando sua moto, no Conjunto Parigot de Souza, zona Norte de Londrina, quando bateu de frente com uma viatura da Polícia Militar. A tia, no entanto, diz que a história é outra: Carlos Eduardo estava sendo abordado quando uma segunda viatura teria batido contra sua moto. Policiais saíram do veículo e o agrediram violentamente com cassetete e coronhadas.
“Eles deformaram o rosto do meu sobrinho. Nem se fosse bandido podia fazer uma coisa dessas”, diz Ana, que contesta outro ponto da notícia, a de que Kadu, como é chamado, teria passagens pela polícia. “Colocaram que ele tinha passagem, uma acusação mentirosa”, garante. Para comprovar, Ana apresenta uma certidão negativa de antecedentes criminais em nome do sobrinho.
“Está visível a agressão dos policiais. Pelas costas, apanhou muito de cassetete e no rosto, de coronhadas com o cano do revólver, trazendo traumatismo de face com vários pontos pelo rosto”, detalha. Carlos Eduardo saiu ontem do hospital.
Na segunda-feira (24/1) Ana esteve com uma advogada na 4ª Companhia Independente da Polícia Militar, onde prestou termo de declaração denunciando as agressões e uma atitude que classifica como desrespeitosa por parte de um dos policiais presentes na abordagem. “Sabe o que o policial que estava no dia fez? Um ‘tik tok’ com meu sobrinho caído no chão. Vários policias curtiram e compartilharam. É muita falta de profissionalismo da parte dele”, reclama.
Carlos Eduardo tem um filho de seis meses que, segundo a tia, “depende dele trabalhar para viver”. “Ele tem 19 anos, trabalha como entregador, estava tirando a habilitação dele. Ele também trabalha no lava rápido, faz várias coisas para poder levar o sustento para o filho dele”, afirma. A tia confirma que o jovem tem como hobby empinar motos e postar os vídeos nas redes sociais. Para ela, veio daí a versão oficial de que ele estaria empinando a moto no momento da abordagem.
A versão das agressões foi contada para a família por pessoas que presenciaram a cena, mas, segundo a tia, estão com medo de fazer seus relatos. Nesta quarta-feira (26/1) Carlos Eduardo realizou exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).
O que diz a PM
O subcomandante da 4a Cia Independente da PM, capitão Luiz Fernando Ribeiro de Souza, informou à Rede Lume que foi aberto um procedimento para apurar o caso e que seria prematuro fazer qualquer outro comentário neste momento.
Publicado originalmente na Rede Lume