Festival FALA! junta comunicação, cultura e jornalismo de causas em Recife

Instituto Fala promove a quarta edição do do evento na capital pernambucana na próxima semana; programação gratuita inclui oficinas, performances artísticas, rodas de conversas e mesas de debate

Foto: Festival FALA!

De 21 a 23 de setembro, o Centro Cultural Cais do Sertão, em Recife, será palco da quarta edição do FALA! – Festival de Comunicação, Culturas e Jornalismo de Causas. Gratuito, o evento propõe o debate sobre o futuro do jornalismo e seu papel na sociedade brasileira a partir da relação com as diversas formas de arte e cultura, numa perspectiva popular. Serão colocadas em discussão as diferentes linguagens do cotidiano, como slam, literatura, teatro, música, artes visuais e cinema tendo a diversidade de territórios  e de saberes como premissa.

Idealizado pelo Instituto FALA!, o principal objetivo do Festival FALA! é criar um ambiente de reflexão em torno do papel do jornalismo independente e da comunicação popular como ferramentas de promoção de uma democracia plena, além de debater sobre a importância da cultura, da identidade e das diferentes linguagens e expressões artísticas no fazer jornalístico, estimulando a formação de uma rede de mídias  alternativas que promova um debate amplo e permanente sobre os grandes temas do país e do continente na atualidade, trabalhando em conjunto na proteção dos profissionais da imprensa independente.

Durante os três dias, a programação do FALA! contará com uma série de oficinas, performances artísticas, mesas de debates e rodas de conversa que  discutirão  temas como a relação entre jornalismo e poesia, comunicação e ancestralidade, educação midiática para combate ao discurso de ódio, território como meio e mensagem da comunicação posicionada, o jornalismo de causas e a cobertura de política, economia e justiça. Dentre os assuntos a serem trabalhados ainda estão sustentabilidade das organizações, mudanças climáticas, racismo estrutural e ambiental, direito à cidade, genocídio preto, indígena e periférico, e acessibilidade.

Durante o Festival, também serão apresentados ao público os trabalhos de reportagem e produção audiovisual dos quatro coletivos de comunicação de Salvador e região metropolitana – A Voz do Axé, Entre Becos, Kalifa LXXI e Raízes BA – selecionados por meio do edital anunciado no final da última edição, em 2022, na capital baiana.

Os conteúdos serão gravados e disponibilizados posteriormente no canal do YouTube do Instituto FALA!.

“O Festival FALA! tem se tornado cada vez mais uma referência para comunicadores de causas. É um espaço seguro onde se abarca a pluralidade e a responsabilidade social, além do compromisso com a democracia. São diversas vozes que ecoam e se unem em prol da comunicação, da cultura e do jornalismo de causas, em busca de um impacto positivo na sociedade”, comenta Rosenildo Ferreira, fundador do site de notícias 1 Papo Reto e correalizador do Festival FALA!.

Programação

Na quinta-feira, dia 21 de setembro, a partir das 18h30, ocorrerá a abertura oficial do Festival FALA!. Logo em sequência, às 18h45, haverá uma intervenção artística da cantora, compositora e batuqueira Isaar. A mesa de abertura se iniciará às 19h00, com uma homenagem ao poeta e cronista da cidade Miró da Muribeca, falecido no ano passado, numa leitura de sua obra à luz da comunicação e da cultura periféricas. Finalizando o primeiro dia, às 20h30, está prevista a apresentação do afoxé Omô Nilê Ogunjá, no espaço Umbuzeiro.

Já no segundo dia, 22, às 10h00, a cantora, percussionista e diretora musical de música indígena contemporânea e reggae originário, Siba Puri, fará uma apresentação abrindo alas para a primeira mesa, marcada para às 10h15, sob o tema Comunicação e ancestralidade: memória e linguagem para a transformação, mediada por Rosenildo Ferreira, jornalista e fundador do portal de notícias 1 Papo Reto, com participação da Iyalorixá do Ilê Axé Oxum Karê, mestra coquista e patrimônio vivo de Pernambuco, Mãe Beth de Oxum, de Marcos Wesley, cofundador do Tapajós de Fato, iniciativa de comunicação popular do Baixo Amazonas e Tapajós, e Géssica Amorim, jornalista, fotógrafa e fundadora do Acauã, coletivo de jornalismo que atua no Sertão e no Agreste de Pernambuco. Os convidados falarão sobre o papel do jornalismo para conectar o passado ao presente e contarão como memória e subjetividades moldam as narrativas do agora, numa tessitura de temporalidades que compõem os textos noticiosos e ficcionais.

Às 14h00, serão realizadas duas oficinas, concomitantemente, em ambientes diferentes. Na sala Pajeú, Flora Rodrigues, comunicadora popular, poetisa marginal, ciberativista e coordenadora da Rede Tumulto, e Lucas Daniel, integrante do Coletivo Obirin Negra, coordenador pedagógico do Cruza Criativa e consultor de projetos ficcionais, são os facilitadores da oficina “Histórias visuais: a comunicação em movimento”, que abordará  práticas de como  reportar e contar histórias de maneira visual. Paralelamente, no Umbuzeiro, o poeta, músico, produtor cultural, cineasta e arte-educador na Fábrica de Cultura de Diadema, Akins Kintê e a poeta, cantora, compositora, atriz pernambucana e mestre em história, Bell Puã, ministrarão a oficina “Jornalismo e outras formas de contar histórias”, apresentando como o jornalismo pode se utilizar da literatura, poesia falada, teatro e do slam para inovar em narrativas.

Às 15h45, o Auditório recebe a cantora, poeta marginal, locutora e atriz, Bione. Na sequência, a segunda mesa de debate será aberta às 16h00, com a temática “Incidências climáticas: meio ambiente e direito à vida em pauta”. Mediada por Pedro Borges, jornalista e cofundador da Alma Preta Jornalismo, abordará a cobertura da crise e das mudanças climáticas, com a participação da repórter investigativa da Mongabay e bolsista do Pulitzer Center Karla Mendes, do cineasta membro do povo indígena Kuikuro e idealizador do 1º Festival de Cinema e Cultura Indígena, Takumã Kuikuro, e de André Fidélis, comunicador, educador e cofundador do Força Tururu, coletivo de midiativismo de favela. 

Em seguida, às 17h45, no Umbuzeiro, começará a primeira roda de conversa, com o tópico “Questões identitárias ou estruturais? O que pode o jornalismo de causas”, mediada pela doutora em ciência da comunicação pela ECA-USP Rosane Borges, com a presença da educadora, mestranda em educação, pesquisadora de gênero, sexualidade e política Ana Flor Fernandes, do jornalista, ativista antirracista, docente na Universidade Estadual Paulista (Unesp) Juarez Xavier, e do jornalista, doutor em comunicação e sociabilidade e coordenador na Mangue Jornalismo Cristian Góes. O encerramento da programação do dia está previsto para as 19h30, no Umbuzeiro, com a apresentação da Jornada de MCs.

Iniciando as atividades do sábado, último dia do Festival FALA!, às 10h00, haverá uma apresentação do artista, bailarino, capoeirista, professor, pesquisador em dança e cultura afro do Recife, Orun Santana. A terceira mesa de debates do Festival, intitulada “Território como meio e mensagem da comunicação posicionada”, abordará os desafios que estão postos a comunicadores e pesquisadores que produzem conteúdos e narrativas a partir de seus próprios territórios. Prevista para às 10h15, será mediada por Giovana Carneiro, jornalista, colaboradora do Afoitas e repórter multimídia da Marco Zero Conteúdo, com  participação de Gilmara Santos, Iyàlorisá, ativista social, historiadora, membra da Rede de Mulheres de Terreiro da Bahia e diretora e apresentadora do Programa Voz do Axé, Bia Pankararu, indígena do povo Pankararu, residente e líder local da Aldeia Agreste, produtora cultural e audiovisual, e de Edson Fly, educador popular, jornalista, ator e idealizador fundador do Núcleo de Comunicação Caranguejo Uçá.

Às 14h00, a sala  Pajeú recebe a oficina “Grana e Afeto” para discorrer sobre as relações financeiras estabelecidas por indivíduos ou por coletivos, que podem ser determinantes na reprodução de um sistema desigual ou na luta contra o mesmo, ministrada por Bruna Gonçalves, percussionista, diretora financeira de blocos de carnaval e coordenadora do administrativo e financeiro da Énois, e Simone Cunha, jornalista, consultora de captação para o jornalismo e diretora de Sustentabilidade da Énois. 

No mesmo horário, haverá roda de conversa, no Umbuzeiro, que tratará de “Educação Midiática: caminhos para combater a desinformação e o discurso de ódio, trazendo  reflexões sobre como  o tema passa pela necessidade de  letramento racial, de gênero, sexualidade e outros marcadores sociais para a construção de empatia. Mediada por Martihene Oliveira, jornalista, idealizadora do Coletivo Sargento Perifa, atuante no Mapa da Mídia Independente e Popular de Pernambuco, a roda de conversa terá a participação de Ariel Bentes, jornalista e cofundadora da Abaré – Escola de Jornalismo, coletivo de educação midiática de Manaus, de Ana Maria Veloso, jornalista, professora da Universidade Federal do Pernambuco e coordenadora da Rede Brasileira de Jornalistas e Comunicadoras com Visão de Gênero e Raça, e Catarina de Angola, jornalista com experiência em comunicação popular e comunitária, fundadora da Angola Comunicação, agência de processos criativos e de mobilização.

Às 15h45 o coletivo Manifesto Cultura Popular fará uma intervenção no Auditório, para abrir a quarta mesa às 16h00, com o tema “Jornalismo de causas e o tripé do poder: Política, Economia e Justiça”, em que se discutirá de que maneira o jornalismo de causas pode aproximar o tripé do poder do cotidiano das pessoas. Conduzida pela jornalista e editora de relacionamento da Ponte Jornalismo Jessica Santos, contará com a presença da secretária-assistente de Redação para Diversidade da Folha de S.Paulo e coordenadora do programa de treinamento voltado para profissionais negros do jornal, Flávia Lima; da professora da Universidade Federal de Pernambuco e pesquisadora de hierarquização social e da relação entre jornalismo e subjetividade Fabiana Moraes, e da professora de direito constitucional da PUC-Rio, professora visitante no African Gender Institute (Universidade da Cidade do Cabo, África do Sul), associada da ONG Criola e integrante da Assembleia Geral da Anistia Internacional no Brasil Thula Pires.

O encerramento está previsto para as 17h30, no Umbuzeiro, com a presença da diretoria  do Instituto FALA!. Logo após, o mesmo espaço será palco da última intervenção artística desta edição do festival, em um encontro protagonizado  pelo Som na Rural – veículos automotivos de comunicação urbana, a  musicista Mãe Beth de Oxum e a cantora Rayssa Dias.

Instituto Fala!

O Instituto Fala é uma organização sem fins lucrativos fundada por quatro mídias independentes referências no jornalismo de causas: Alma Preta (SP), Marco Zero Conteúdo (PE), 1 Papo Reto (SP) e Ponte Jornalismo (SP). 

A diretoria do Instituto é composta por alguns dos fundadores  dessas organizações: 1 Papo Reto, Alma Preta, Marco Zero Conteúdo e Ponte Jornalismo.  

Desde 2020, promove o Festival Fala!, editais de bolsas de reportagens e formações na área de comunicação e jornalismo de causas. 

Programação Geral

21/09 | Quinta-feira

18h30 – Abertura do Festival Fala!

18h45 – Intervenção artística – Isaar

19h00 – Mesa de abertura – Homenagem ao poeta e cronista Miró da Muribeca

20h30 – Intervenção artística – Afoxé  Omô Nilê Ogun

22/09 | Sexta-feira

10h00 – Intervenção artística  – Siba Puri

10h15 – Mesa 1 – Comunicação e Ancestralidade: Memória e linguagem para a transformação 

14h00 – Oficina – Histórias visuais: A comunicação em movimento

14h00 – Oficina – Jornalismo e outras formas de contar histórias

15h45 – Intervenção artística – Bione

16h00 – Mesa 2 – Incidências climáticas: Meio ambiente e direito à vida em pauta

17h45 – Roda de conversa – Questões identitárias ou estruturais? O que pode o jornalismo de causas 

19h30 – Intervenção artística – Jornada De Mcs

23/09 | Sábado

10h00 – Intervenção artística – Orun

10h15 – Mesa – Território como meio e mensagem da comunicação posicionada

14h00 – Oficina – Grana e Afeto 

14h00 – Roda de conversa – Educação midiática: Caminhos para combater a desinformação e o discurso de ódio

15h45 – Intervenção artística – Manifesto cultura popular 

16h00 – Mesa: Jornalismo de causas e o tripé do poder: Política, economia e justiça

17h30 – Encerramento  

18h – Intervenção artística – Som na Rural com Mãe Beth de Oxum e Rayssa Dias

Atividades: Descrições e painelistas

21/09 | Quinta-feira

19h00 – Mesa de abertura – Homenagem ao poeta e cronista Miró da Muribeca

Leitura de sua obra à luz da comunicação e da cultura periféricas

22/09 | Sexta-feira

10h15 – Mesa 1 – Comunicação e ancestralidade: memória e linguagem para a transformação 

Qual o papel do jornalismo em conectar o passado ao presente? Povos originários e tradicionais contam como memória e subjetividades moldam as narrativas do agora, numa tessitura de temporalidades que compõem os textos noticiosos e ficcionais.

Participantes: Mãe Beth de Oxum, Marcos Wesley e Géssica Amorim.

Mediação: Rosenildo Ferreira

14h00 – Oficina 1:  Histórias visuais: a comunicação em movimento

Ciberativismo, vídeo, áudio, novos formatos vindos das redes sociais, com exemplos e atividades práticas de como se pode reportar e contar histórias de maneira visual. 

Facilitadores: Flora Rodrigues e Lucas Daniel 

14h00 – Oficina 2: Jornalismo e outras formas de contar histórias

Como o jornalismo pode se utilizar de literatura, poesia falada, teatro e do slam para inovar em narrativas.

Facilitadores: Akins Kintê e Bell Puã

15h00 – Mesa 2: Incidências climáticas: meio ambiente e direito à vida em pauta

Com 85% da população brasileira vivendo em áreas urbanas, a cobertura da crise e das mudanças climáticas precisa tratar, além dos biomas, da questão ambiental nos centros urbanos, que, inegavelmente, afeta a vida das pessoas e configura as formas de garantia do direito à cidade.

Participantes: Takumã Kuikuro, Karla Mendes e André Fidélis

Mediação: Pedro Borges

17h45 – Roda de Conversa: Questões identitárias ou estruturais? O que pode o jornalismo de causas

O jornalismo de causas não é uma modalidade específica da atividade noticiosa, posicionado no campo das chamadas questões identitárias (raça, gênero, classe, território), mas incide em assuntos de interesse coletivo e universal, com inegável papel na visibilidade de temas estruturais da sociedade. A conversa proposta vai se debruçar sobre o assunto, discutindo perspectivas mais abrangentes que vêm despertando o debate público.

Participantes: Ana Flor Fernandes, Juarez Xavier e Cristian Góes

Mediação: Rosane Borges

23/09 | Sábado

10h15 – Mesa 3: Território como meio e mensagem da comunicação posicionada

No jornalismo hegemônico, o jornalista sai da redação e vai até o território reportar fatos. Mas e quando o jornalismo nasce no território e é reportado por quem vive e está nele envolvido? Comunicadores e pesquisadores contam desafios e delícias de comunicar seus próprios territórios. 

Participantes: Gilmara Santos, Bia Pankararu, e Edson Fly

Mediação: Giovanna Carneiro

14h00 – Oficina 3: Grana e Afeto

As relações financeiras estabelecidas por indivíduos e coletivos podem ser determinantes na reprodução de um sistema desigual ou na luta contra o mesmo. Falar de dinheiro, planejar e buscar recursos é fundamental para cuidar e fortalecer existências completas e com direitos respeitados. 

Facilitadoras: Bruna Gonçalves e Simone Cunha

14h00 – Roda de Conversa 2: Educação Midiática: caminhos para combater a desinformação e o discurso de ódio

A manutenção da democracia depende também de uma sociedade bem informada e capaz de conter discursos de ódio. Muitos são os caminhos apontados para isso: educação midiática, checagem de fatos, regulação de plataformas etc. Mas é preciso mais. É preciso que os cidadãos sejam capazes de participar de maneira crítica do ambiente informacional e midiático nos seus mais diversos formatos. Também se analisará como a solução passa pelo letramento racial, de gênero, sexualidade e outros marcadores sociais para construção de empatia.

Participantes: Ariel Bentes, Ana Veloso e Catarina de Angola

Mediadora: Martihene Oliveira

16h00 – Mesa 4: Jornalismo de causas e o tripé do poder: Política, Economia e Justiça

Como as decisões do STF sobre descriminalização da maconha chegam para o jovem negro de quebrada? Que relevância tem o sobe e desce da bolsa de valores para um trabalhador que ganha um salário mínimo? Como a classe trabalhadora consome informações de política? Vamos discutir de que maneira o jornalismo de causas pode aproximar o tripé do poder do cotidiano das pessoas.

Participantes: Flavia Lima, Fabiana Moraes e Thula Pires

Mediadora: Jéssica Santos

Serviço
FALA! – Festival de Comunicação, Culturas e Jornalismo e Causas
Local: Centro Cultural Cais do Sertão
Endereço: Armazém 10, Av. Alfredo Lisboa, s/n – Recife, PE, 50030-150
Data: 21 a 23 de setembro
Inscrições gratuitas pelo Sympla
Mais informações: Site do FALA!

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