Festa literária acontece entre os dias 30/10 e 08/11 com painéis online e batalhas de slam no Morro da Babilônia, no RJ; Emicida, Roberta Estrela D’Alva e Djamila Ribeiro estão na programação gratuita
Os versos de resistência vão ocupar a Festa Literária das Periferias (Flup) a partir deste sábado (30/10) na cidade do Rio de Janeiro. Na edição comemorativa de seus 10 anos, a Flup faz uma homenagem à arte da palavra falada com uma série de debates e batalhas de slam que acontecem de forma online e presencial até o dia 8 de novembro. Os encontros no Morro da Babilônia, zona sul da capital fluminense, têm vagas limitadas e é preciso se inscrever para participar.
Neste ano, a programação da festa foi divida em três tendas: Diálogos Transatlânticos, Palavra Falada e Slam Ao Vivo. Ao todo, serão 12 painéis de debates que ficarão disponíveis durante os 10 dias no Youtube da Flup. Na mesa de abertura “Rimas Transatlânticas” (dia 30, às 15h), o rapper Emicida e o professor e sociólogo Boaventura de Sousa Santos conversam sobre as narrativas contadas pelo rap. O gênero musical também é tema da mesa “Diáspora, uma palavra feminina” com as rappers portuguesas Mynda Guevara e Telma Tvon. Para falar de literatura africana, o poeta angolano Ondjaki e a escritora portuguesa Raquel Lima são os convidados do painel “Todo mundo é Griot, mesmo quem não é”.
Na seção de slams, a Flup destaca a importância da luta dos povos indígenas com o Coalkan, primeiro slam indígena mundial produzido em parceria com a Toronto International Festival of Authors (Tifa). Oito slammers da América do Sul e outros oito da América do Norte entram em cena no primeiro fim de semana do evento (30 e 31/10).
Nos dias 5, 6 e 7 de novembro, será a vez do Slam Abya Yala – termo decolonial do povo Kuna que significa “terra madura” – reunir poetas premiados de 14 países das Américas que se apresentam presencialmente no Morro da Babilônia, na cidade do Rio de Janeiro. Já no dia seguinte, 8 de novembro, fechando as batalhas, o Slam Esperança acontece com alunos do ensino médio de escolas públicas espalhadas em sete estados do Brasil.
A Flup também traz uma série de debates sobre a palavra falada, a inclusão e as rimas entre mulheres e entre nordestinos. As escritoras Djamila Ribeiro, Luiza Romão, Lilia Schwarcz, Kaê Guajajara, Luna Vitrolira, a slammer Roberta Estrela D’Alva, o criador do Poetry Slam Marc Smith e o poeta Leo Castilho são alguns dos convidados. A cantora Maria Bethânia recita os versos de Aldir Blanc, poeta que morreu em decorrência da Covid-19 em 2020, na ocupação poética do Morro da Babilônia, que também vai contar com atrações como Slam das Minas – RJ, Sarau do Escritório e Pelada Poética.
Esperança na literatura
A Flup lança, em breve, seu vigésimo terceiro livro, Cartas para Esperança, inspirado na advogada Esperança Garcia, reconhecida por ser a primeira mulher a escrever uma carta de petição na história do Piauí e pioneira na literatura preta brasileira. A obra foi feita ao longo do ano e reúne os escritos de 50 mulheres negras que refletem suas vivências a fim de inspirar mulheres negras das próximas gerações a seguir lutando por direitos e igualdade.
O Prêmio Ecio Salles, em memória de um dos fundadores da festa, também pretende celebrar a literatura como ferramenta de transformação. A porta-voz da Flup, Daniele Salles, que também é viúva de Ecio, contou em live da Ponte a história do projeto que nasceu em 2012 por inciativa do marido e do produtor cultural Júlio Ludemir. Em homenagem a Ecio, que faleceu em 2019, o prêmio Carolina Maria de Jesus passou a levar o nome do poeta carioca. Neste ano, a premiação acontece no dia 7 de novembro. Dez pessoas que ajudaram a Flup a resistir ao longo destes 10 anos e nos desafios impostos pela pandemia receberão o troféu “Nossos heróis, nossas heroínas”.
Flup 10 anos – Festa Literária das Periferias
Online e presencial no Morro da Babilônia (Ladeira Ary Barroso, 1 – Leme – Rio de Janeiro)
30 de outubro a 8 de novembro de 2021
Inscrições abertas para as mesas online e para as batalhas de slam presenciais
Evento gratuito