Fora do programa de proteção à testemunha, ex-PCC é assassinado em Goiás

    São Paulino, como era conhecido na facção, testemunhou no maior processo já movido contra o PCC, no qual o MP acusa 175 réus por formação de quadrilha. A mulher dele também foi morta.

    Líderes do PCC acusados no processo estão presos na Penitenciária de Presidente Venceslau | Foto: Edson Lopes Jr.

    O maior erro de Márcio José de Alcântara Theodorelli, o São Paulino, ex-tesoureiro do PCC (Primeiro Comando da Capital), foi ter abandonado o programa de proteção à testemunha. Ele e a mulher dele, Priscila, foram executados a tiros na segunda-feira (8/1) no bairro Pedregal, em Novo Gama, Goiás, região conhecida como Entorno do Distrito Federal.

    Theodorelli era testemunha protegida no maior processo já movido contra o PCC, no qual 175 réus são acusados pelo Ministério Público do Estado de São Paulo por formação de quadrilha. As investigações duraram três anos e meio e foram conduzidas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de Presidente Prudente, no interior do estado.

    Theodorelli | Foto: divulgação

    Entre os 175 réus acusados estão os líderes do PCC presos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, incluindo Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado pela Polícia como o número 1 da organização.

    Os 175 réus foram denunciados à Justiça em outubro de 2013. O processo está em andamento. O Gaeco apurou que Theodorelli era o responsável pelo setor financeiro do PCC. Era ele quem recebia em São Paulo o dinheiro ilícito arrecadado pela facção, principalmente com o tráfico de drogas, e também efetuava os pagamentos determinados pela cúpula do grupo criminoso.

    Theodorelli, no entanto, após ser denunciado, resolveu colaborar com a Justiça e fez delação premiada. Por conta disso foi excluído do PCC. Ameaçado de morte, ele foi colocado no programa de proteção à testemunha. Segundo o Ministério Público Estadual, a testemunha protegida abandonou o programa em 2016. 

    Promotores de Justiça do Gaeco disseram que nos últimos anos ele era caçado por integrantes do PCC. Afirmaram ainda que Theodorelli tentava se reintegrar ao programa de proteção à testemunha. Só que não deu tempo. Na segunda-feira retrasada (8/1), ao entrar numa loja no bairro Pedregal, foi abordado por dois homens que se apresentaram como policiais.

    Ambos sacaram as armas e atiraram nele várias vezes. Priscila foi baleada na porta da loja. O casal morreu no local. A Polícia Civil de Goiás prendeu um suspeito de envolvimento no crime, identificado como Robson Barreto Silva. Segundo o delegado Felipe Barbosa, Silva é de Osasco, na Grande São Paulo, e tem passagens por roubo e tentativa de homicídio.

    O delegado afirmou que ao menos outras quatro pessoas participaram do duplo assassinato e vinham seguindo os passos das vítimas na cidade goiana desde o último dia 5. Ainda de acordo com o Gaeco, Priscila era irmã de Patric Velinton Salomão, o Forjado, um dos 175 réus do PCC processados por formação de quadrilha. O Gaeco informou que Forjado é ligado a Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, número 2 da facção, foragido desde fevereiro de 2017.

    Forjado é apontado pelo Ministério Público Estadual como o homem que excluiu Edilson Borges Nogueira, o Birosca, dos quadros do PCC. Birosca foi, por ao menos duas décadas, um dos homens da cúpula do PCC e acabou assassinado a golpes de estilete no dia 4 de dezembro do ano passado, na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau.

    Para o Ministério Publico Estadual, a morte de Theodorelli é uma queima de arquivo e tanto ele como Birosca foram executados a mando da liderança do Primeiro Comando da Capital.

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