Em um dos ataques, dez foram mortos na terceira maior chacina da história do Estado de SP. Governo foi obrigado a criar força tarefa para tentar identificar e prender assassinatos que agiram em Osasco, Itapevi e Barueri
https://youtu.be/n5rFGvtSztE
Criminosos encapuzados, divididos em ao menos duas motocicletas e em dois carros, cometeram 12 atentados na noite desta quinta-feira (13/08) a tiros nas cidades de Osasco, Barueri e Itapevi, na área oeste da Grande São Paulo, e que deixaram 19 mortos e sete feridos.
O primeiro e maior dos ataques aconteceu às 20h30. Foi contra frequentadores de um bar no Jardim Munhoz Júnior, na divisa entre Osasco e Barueri. Dez homens foram baleados _quatro morreram no bar e outros seis, no hospital.
Com dez vítimas, essa foi a terceira maior chacina (um ataque com três ou mais vítimas no mesmo lugar) no Estado de São Paulo. As duas primeiras ocorreram também em cidades da região metropolitana, nos anos 1990: 12 mortos em um bar em Taboão da Serra, em junho de 1994; e 12 mortos também em um bar de Francisco Morato, em junho de 1998.
Os assassinos usaram um Peugeot prata, um Sandero de cor escura e uma moto nos ataques. Nos crimes em Osasco, eram quatro atiradores no Peugeot e dois na moto. Em cinco ataques na cidade, o Peugeot foi usado; a moto, em outros três atentados. Em um dos pontos dos ataques, uma testemunha ouvida pela polícia viu a moto e o Peugeot juntos.
Investigadores da Delegacia Seccional de Osasco e do DHPP (departamento de homicídios), ambos da Polícia Civil, tentam descobrir se existe participação nos crimes de policiais militares e de guardas municipais das três cidades onde os atentados ocorreram.
Uma das hipóteses para a motivação dos crimes neste momento é de que a série de atentados, a maior desde a onda de violência que atingiu o Estado de São Paulo em maio de 2006, durante o enfrentamento entre a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e as forças de segurança, foi retaliação pelas mortes de um cabo da Polícia Militar e de um guarda civil metropolitano.
No dia 07/08, o cabo da PM Adenilson Pereira de Oliveira foi morto a tiros por criminosos quando estava em um posto de combustíveis em Osasco. Na quarta-feira (12/08), o guarda civil metropolitano Jefferson Luiz Rodrigues da Silva, 40 anos, foi morto por três ladrões que tentaram assaltar o comércio dele, uma adega, em Barueri. Os crimes foram filmados por câmeras de segurança.
‘Enquadros’
Em ao menos dois atentados, em Osasco e em Barueri, os atiradores se portaram como policiais e depois de colocar as vítimas contra a parede, perguntaram quem tinha passagem pela polícia e atiraram contra quem respondeu positivamente.
A série de atentados com os 19 mortos obrigou o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, a criar uma força tarefa para investigar os crimes. Ao todo, 50 policiais civis trabalham na busca por pistas dos assassinos. Mais oito médicos legistas e 12 peritos foram acionados para agilizar análise e liberação dos corpos das vítimas.
Ao contrário do que pensam alguns dos investigadores da força tarefa, o secretário Moraes disse não ter uma linha principal de investigação para as mortes. “Não há uma hipótese principal de investigação, mas não é descartada a possível relação com dois outros latrocínios que ocorreram na sexta-feira passada e o outro em Barueri”, disse o secretário Moraes.
“Não descartamos nenhuma hipótese. O envolvimento de policiais no caso deverá ser uma das teses possíveis levadas em consideração”, afirmou, durante entrevista coletiva nesta sexta-feira (14/08), o chefe das polícias da gestão de Geraldo Alckmin (PSDB).
Durante a entrevista coletiva, o secretário também fez questão de enfatizar que não foram recolhidas cápsulas de munição .40 nos locais dos atentados. Esse é hoje o calibre padrão da Polícia Militar de São Paulo. Foram recolhidas, segundo os peritos, cápsulas de revólver calibre 38, pistolas .380 e 9 mm (de uso restrito das forças armadas e de segurança).
Na fim da tarde desta sexta-feira (14/08), o secretário Moraes afirmou, em nova entrevista coletiva, que o ataque acontecido em Itapevi não teve ligação com as outras 18 mortes em Osasco e Barueri.