Depois de ação no ‘fluxo’ supostamente contra traficantes, agentes investem contra um grupo que estava abrigado na tenda onde funcionava o antigo programa social De Braços Abertos
A Guarda Civil Metropolitana com apoio da Polícia Militar tenta invadir a tenda onde antigamente funcionava o programa de redução de danos De Braços Abertos, na rua Helvétia, na Cracolândia, nesta quarta-feira (15/6). Nas imagens a que a Ponte Jornalismo teve acesso é possível ver agentes lançando bombas e gás pimenta contra os usuários que estão no pátio do imóvel. Atualmente, o local é usado para que dependentes de crack durmam, façam higiene pessoal e para que agentes de saúde façam alguns atendimentos. Pelo menos quatro dependentes foram atingidos por bala de borracha ou gás e agentes de saúde também viraram alvo. Alguns minutos antes, a GCM havia se envolvido em outro episódio a duas quadras dali, na Praça Princesa Isabel, onde hoje funciona o ‘fluxo’ – local de venda e uso de drogas.
Para o advogado e conselheiro estadual de Direitos Humanos, Ariel de Castro Alves, a ação é inaceitável. “A ação foi claramente abusiva. Um programa social e seus atendidos não podem ser alvos de ações de repressão e violência policia”, afirmou. “O programa Redenção é clandestino, não foi criado por lei ou decreto. Não foi apresentado”, critica Alves, que sugere a criação de uma espécie de “Poupatempo social” no mesmo local, com serviços de saúde, assistência social, habitação, trabalho, cursos técnicos e profissionalizantes, assistência jurídica e religiosa. “O dispositivo poderia ser criado em parceria entre município, estado e até governo federal. Cada pessoa passaria por uma triagem e já sairia com encaminhamentos efetivos, como atendimento de saúde e moradia, ou com bolsa família, bolsa aluguel, emprego. O trabalho social e de saúde é de conquista, vínculos e confiança e não de imposições, repressões, abusos e autoritarismo”, avalia.
Amanhã (16/06), o conselho estadual de Direitos Humanos vai entrar com pedido ao Ministério Público, ouvidoria e corregedoria da PM e da GCM de instauração de procedimentos de apuração.
Outro lado
Procuradas por e-mail, a GCM e a PM ainda não se manifestaram sobre o assunto.