Contingente da Guarda Civil Metropolitana quadruplicou na praça Princesa Isabel, no centro de São Paulo, onde duas pessoas foram presas, outra detida para averiguação e pelo menos dois ficaram feridos
“Ainda bem que eu sou drogado e não bandido. Eles deveriam rezar pra eu não virar bandido, porque se eu virar eu vou atrás de um por um que me bateu”, diz, com lágrima de revolta nos olhos, Erick Ribeiro Silva, de 39 anos.
Ele levou chutes e borrachadas nas costas durante a investida da GCM (Guarda Civil Metropolitana) com o apoio da Polícia Militar, na tarde desta quarta-feira (14/06), no novo endereço do ‘fluxo’, na Praça Princesa Isabel, centro de São Paulo.
Por causa da chuva, havia muita lama no local e muitos dependentes estavam com as roupas e pertences sujos de barro. O cheiro de fezes e urina parecia estar mais evidenciado.
O clima de “toma lá, dá cá” assusta os usuários de crack. Um deles, que não quis se identificar, disse: “Sabe o que vai acontecer agora, né? Hoje à noite ou no máximo amanhã, eles vem, quando todo mundo estiver dormindo e surpreendem. Tem um deles que ficou machucado pelo que a gente ouviu falar. Então vai ter represália”, ponderou.
A Prefeitura de São Paulo fazia o serviço de zeladoria, ou seja, limpando e removendo lixo e objetos abandonados na região, quando, segundo a versão da guarda, supostos traficantes que estariam no local insuflaram moradores da praça a tumultuar o serviço.
Ainda segundo a GCM, o reforço foi chamado e o apoio da PM solicitado – Força Tática, ROCAM e Choque – e dois supostos traficantes foram presos. Além deles, um jovem que teria jogado pedras contra os agentes foi detido para averiguação. Um GCM ficou ferido no rosto e recebeu atendimento no local.
Os dependentes químicos contam uma versão um pouco diferente, corroborada pelas marcas de cassetete nas costas de Erick. Eles dizem que a GCM entrou no fluxo “dando berro e socando geral”. Erick levantou a camiseta e mostrou também a mão ralada. “Os caras têm coragem de dizer que prenderam traficante… Onde tá o traficante?”, questiona.
Segundo o inspetor Cesar – identificado à Ponte Jornalismo durante a transmissão ao vivo apenas dessa maneira -, responsável pela ação, os guardas tinham pedido para que os moradores retirassem o que quisessem da praça antes da passagem da limpeza. “Agora está tudo sob controle, nós estamos aqui para manter a ordem. Não pode ter tráfico e nem usar droga na praça”, conclui.
A PM ainda não informou quantos homens foram deslocados para a região e nem para onde foram levado os dois supostos traficantes presos.