Grupo manifestava contra a aprovação da nova previdência aos funcionários do município; vereador do MBL diz ter sido alvo de tiro em seu gabinete
A GCM (Guarda Civil Metropolitana) reprimiu uma manifestação contra a reforma na previdências dos funcionários do município de São Paulo na tarde desta quarta-feira (26/12). O ato acontecia pela aprovação ,na Câmara dos Vereadores, de um projeto que aumenta os impostos em folha de pagamento após proposta do prefeito Bruno Covas (PSDB).
Os guardas lançaram em direção aos professores e outros funcionários bombas de gás lacrimogênio, diversos jatos de spray com gás de pimenta e atiraram quatro balas de borracha, considerado armamento menos letal. Ninguém se feriu com gravidade, apesar de pessoas terem sido atingidas de forma superficial por estilhaços das bombas.
Diferentemente do ato em março deste ano, em que também houve agressão por parte dos guardas e uma professora teve o nariz quebrado pela ação da GCM, o prédio da Câmara estava fechado para os profissionais que não conseguiram entrar para acompanhar a votação dos vereadores.
A série de bombas e balas de borracha começou quando o grupo de 12 GCMs se aproximou do portão e tentou passar uma corrente de ferro para garantir seu fechamento. Porém, os guardas tentaram retirar faixas dos manifestantes, que reclamaram e receberam em troca jatos de gás de pimenta. Também colocaram fogo próximo ao portão principal do prédio.
Os funcionários públicos, em resposta, jogaram garrafas de água, garrafas de vidro, ovos e ao menos sete cocos em direção ao prédio. Parte dos manifestantes revoltados partiu para cima do portão e o derrubou, ainda que os guardas tentaram evitar.
A manifestação ocorria pelo aumento no valor pago na folha salarial por parte do funcionalismo público da cidade de São Paulo. O imposto para a previdência, antes em 11%, passará a ser de 14% mensalmente, conforme a proposta apelidada de SampaPrev, iniciada na gestão Fernando Haddad (PT), modificada por João Doria (PSDB) – atual governador eleito – e novamente alterada por Bruno Covas, atual prefeito. A proposta foi aprovada por 33 votos a 17 e terá 90 dias para ser – ou não – sancionada pelo prefeito.
O vereador Fernando Holiday (DEM) denunciou ter sido hostilizado pelos manifestantes quando estava em seu gabinete, no 5º andar do prédio, e publicou em seu Twitter a foto do que aparenta ser a marca de um disparo de tido no vidro do gabinete. O MBL (Movimento Brasil Livre), do qual Holiday faz parte, chamou o caso de “tentativa de homicídio”. Segundo Holiday, a segurança da Câmara Municipal foi acionada e “a PM fará a perícia do projétil”. No entanto, a polícia responsável por perícias é a Polícia Científica.
Holiday foi visto na janela junto de funcionários de seu gabinete após a aprovação da SampaPrev. Ele estava se dirigindo aos manifestantes em tom de deboche.
Agora pouco estava na janela do 5º andar, onde fica meu gabinete, quando fui hostilizado por baderneiros e ouvimos um barulho alto de vidro estilhaçando. Eu e minha equipe vimos esse buraco e chamamos a segurança da CMSP, a PM fará a pericia para confirmar o projetil. pic.twitter.com/8P3nFVvEvW
— Fernando Holiday (@FernandoHoliday) 26 de dezembro de 2018
A Ponte questionou a Prefeitura de São Paulo sobre a ação da GCM, que, segundo o poder executivo municipal, agiu para “preservar o patrimônio público e a integridade física de parlamentares, servidores e dos próprios manifestantes”.
“A Prefeitura de São Paulo lamenta a confusão em frente à Câmara Municipal na tarde desta quarta-feira (26/12). A Guarda Civil Metropolitana atuou para conter a tentativa de invasão do prédio, que teve os portões derrubados por parte dos manifestantes. Os vândalos, armados com pedras e coquetel molotov, atacaram o prédio do Legislativo e os agentes”, explica a assessoria de imprensa da Prefeitura, apontando que “três GCMs ficaram feridos, foram medicados e passam bem”.