Presos da facção estavam na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau e foram levados para a Penitenciária de Florínea, no Oeste do Estado, para evitar nova carnificina dentro do sistema carcerário brasileiro
O governo do Estado transferiu hoje à tarde 101 presos da facção criminosa CV (Comando Vermelho) da Penitenciária 1 de Presidente Venceslau para a Penitenciária de Florínea, no Oeste do Estado.
Segundo agentes penitenciários, as remoções ocorreram às pressas para evitar uma nova carnificina no país, a exemplo do que ocorreu em presídios de Manaus (AM), Boa Vista (RR) e Natal (RN). Os massacres deixaram 118 detentos mortos nessas três unidades.
Os agentes disseram que durante a noite de ontem, os presos do raio 4 da Penitenciária 1 de Presidente Venceslau, todos integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) se amotinaram e atearam fogos nas celas.
A intenção dos amotinados, ainda segundo os agentes, era realizar uma rebelião para matar os rivais do CV, recolhidos no vizinho raio 3.
O GIR (Grupo de Intervenção Rápida) foi chamado. A situação só foi controlada no início da madrugada de hoje.
O motim assustou moradores dos arredores do presídio. Agentes de vigilância posicionados nas muralhas da penitenciária efetuaram disparos de arma de fogo na tentativa de conter os amotinados.
Homens do GIR entraram no raio 4 e, durante revista nas celas de integrantes do PCC, encontraram estiletes e facas improvisadas com pedaços de ferro arrancados de paredes.
Para evitar um massacre de presos, a SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária) transferiu os 101 presos do CV para a Penitenciária de Florínea.
Outros 145 presos que estavam em Florínea, integrantes do PCC, foram removidos para a Penitenciária de Paraguaçu Paulista.
A Penitenciária 1 de Presidente Venceslau é uma unidade de castigo e abriga presos de diversas facções.
Também estão recolhidos nessa unidade os advogados acusados de integrar o braço jurídico do PCC. Eles foram presos durante a Operação Ethos, em novembro do ano passado.
Defensores desses advogados entraram na Justiça com pedidos de habeas corpus solicitando a liberdade ou a transferência dos clientes para outras unidades.
Eles alegam que os advogados presos correm risco de morrer na prisão, já que a unidade abriga detentos rivais de diversas facções.
Presos do PCC e CV romperam os laços de união depois de 23 anos de aliança. A guerra entre as duas facções teve início por causa da coligação da facção fluminense com outras organizações criminosas, especialmente a FDN (Família do Norte), e Sindicato do Crime, do Rio Grande do Norte.
Segundo o MPE (Ministério Público Estadual), o CV se aliou a esses grupos para tentar impedir o avanço do PCC no Norte e Nordeste, regiões onde a facção paulista quer controlar a produção, comercialização e distribuição de drogas.
Em nota divulgada hoje a SAP informa que “na noite de ontem, assim que a Unidade Penal recebeu em trânsito presos oriundos da Capital, habitantes de um dos raios da P1 de Venceslau iniciaram um tumulto”.
Segundo a nota, o GIR foi acionado e controlou o tumulto rapidamente. O documento diz ainda que a unidade opera normalmente dentro dos padrões de segurança e disciplina.
A SAP, porém, não mencionou na nota em qual raio ocorreu o tumulto nem de qual facção são os presos que se amotinaram e qual era a intenção deles.
A Pasta não confirma nem desmente a transferência de presos do CV para outra unidade prisional.