Karolayne Nunes está em estado grave e precisa de doação de sangue. Familiares e testemunhas contradizem informação dada pela UPP, que afirmou não ter tido confronto no local no fim de semana
A auxiliar de creche Karolayne Nunes, de 19 anos, foi baleada durante um confronto entre policiais da UPP e traficantes de drogas na localidade da Fazendinha, no Complexo do Alemão, Rio de Janeiro, no último sábado (2/12). Por conta dos ferimentos, a jovem perdeu o bebê. A PMERJ, através da UPP, nega confrontos no local ao longo do fim de semana, informação contrária à de testemunhas e familiares da jovem.
Moradora do Engenho da Rainha, bairro vizinho à comunidade, na zona norte do Rio, a jovem estava com o marido em um carro se dirigindo para uma padaria quando um tiroteio aconteceu na frente de um local conhecido como Birosca. A jovem segue internada em estado grave no Hospital Miguel Couto, na Gávea, zona sul, e, apesar de ter dado sinais de melhora nesta segunda-feira (4/12), precisa de doação de sangue (tipo A+).
Karolayne estava em seu quinto mês de gestação do primeiro filho, informação confirmada por familiares. Questionada pela reportagem, a Secretaria de Saúde do município do Rio de Janeiro confirmou o estado de saúde, sem dar detalhes.
Duas testemunhas oculares do tiroteio conversaram com a Ponte sob condição de anonimato. As pessoas estavam próximas do local e confirmaram que houve um confronto entre a polícia militar e traficantes nas proximidades da rua Antônio Austregésilo, próximo à uma padaria. Um familiar da grávida baleada explicou que o confronto aconteceu por volta das 21h30, quando o bairro estava tranquilo. “Não estava tendo operação. Aconteceu do nada”, garante.
A Ponte entrou em contato com a UPP por e-mail no início da tarde de domingo (3/12) para saber qual operação fora feita no Alemão um dia antes e se houve registro de troca de tiros. De acordo com a assessoria de comunicação, a corporação “não teve informações sobre confrontos com as guarnições da UPP Fazendinha” e que homens foram direcionados ao local somente após a jovem ser baleada.
“Segundo o comando da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Fazendinha, após receber informações de que uma moradora da comunidade teria sido baleada e socorrida para o Hospital Miguel Couto, na Gávea, foi constatada a entrada de uma vítima na organização de saúde citada que teria alegado ser residente da comunidade do Engenho da Rainha. A ocorrência foi registrada na 44 DP (Inhaúma). Cabe ressaltar que, até o momento, não houve confronto com as guarnições da UPP Fazendinha neste fim de semana e a unidade não foi acionada para qualquer intervenção o ocorrido”, sustenta a corporação, em nota.
A reportagem mandou à UPP novas perguntas referentes às versões contraditórias dadas por testemunhas e familiares, mas até agora não obteve retorno da assessoria de comunicação da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.