Grupo protesta em São Paulo por morte de atriz

    Manifestação reuniu cerca de 50 pessoas na praça do Patriarca e cobrou investigação transparente sobre homicídio cometido por cabo da PM em Presidente Prudente

     

    Pai da atriz Luana Barbosa em protesto pela morte da filha, provocada por PM. Foto: Rafael Bonifácio/Ponte Jornalismo
    Pai da atriz Luana Barbosa em protesto pela morte da filha, provocada por PM. Foto: Rafael Bonifácio/Ponte Jornalismo

    Cerca de 50 pessoas participaram de um ato nesta segunda-feira, 28 de julho, na praça do Patriarca (região central de São Paulo), em protesto pela morte da atriz Luana Barbosa. Ela foi assassinada por um cabo da Polícia Militar durante abordagem no dia 27 de junho em Presidente Prudente (SP) e, até a última sexta-feira, 25 de julho, quem investigava o caso era a própria corporação. O policial continua trabalhando.

    Em depoimento à PM, o cabo Marcelo Coelho, autor do disparo, afirmou que a morte da atriz foi acidental. Segundo a versão oficial, Luana estava na garupa da moto do namorado, que teria furado um bloqueio e batido com o capacete na arma do policial, provocando o tiro. Por esse motivo, a Polícia Civil classificou o caso como homicídio culposo (sem intenção) e delegou a investigação à PM. Só voltou atrás na última sexta-feira, quando o delegado-geral, Luiz Maurício Blazeck, determinou que fosse aberto um inquérito. O namorado da vítima diz que Coelho fez a abordagem com a arma apontada para os dois e uma testemunha viu o cano da pistola em posição horizontal em relação ao solo.

    Amigos de Luana, vindos do interior do estado, se juntaram a artistas e ativistas da capital na manifestação. O pai da atriz, Marcos de Almeida Barbosa, que é secretário da Cultura de Rancharia (SP), também esteve presente, acompanhado da mãe, da irmã e do namorado de Luana. “Foi chocante, uma morte provocada por um motivo banal, causada por um agente do Estado a quem caberia defender e não tirar a vida das pessoas”, disse.

    Barbosa afirmou que ninguém do governo estadual procurou a família até o momento. “A Secretaria da Segurança Pública está mantendo um silêncio omisso e conivente nesse caso. É um absurdo, diante de todo o sofrimento pelo qual temos passado, termos que fazer manifestações, atos como esse de hoje, para que o Estado cumpra com o seu dever”, afirmou.

    Ciranda e tambores

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    Fotos: Rafael Bonifácio/Ponte Jornalismo

    Os amigos de Luana tomaram conta da praça no horário do almoço e atraíram a atenção de quem passou pelo local. Com o som de tambores ritmados ecoando nos velhos prédios da região, eles fizeram uma ciranda cantando músicas de roda, que cresceu com a participação de quem no começo estava só observando, de longe.

    “O que trouxe a gente até aqui foi a incapacidade de ver a justiça acontecer no caso da Lua. Depois do assassinato dela, a gente viu as coisas tomarem um caminho que afronta o Estado de Direito”, afirmou o ator Luiz Valente, amigo de Luana. “Um policial tem o direito de decidir sobre a vida e a morte de uma pessoa baseado em seus preconceitos? Ninguém tem esse direito”, completou.

    “O que trouxe a gente até aqui foi a incapacidade de ver a justiça acontecer.”

    O grupo promoveu um debate público sobre violência policial. O megafone passou de mão em mão e até mesmo quem parou para ver teve voz. Depois, todos foram em marcha, com faixas e cartazes, até a porta da Secretaria da Segurança Pública (SSP), a 200 metros da praça.

    Na SSP, o pai de Luana e outras três pessoas foram recebidos por uma assessora da Ouvidoria das Polícias. Ninguém da própria secretaria estava disponível para atendê-los porque não foi agendada uma audiência previamente, segundo explicações dadas a Barbosa. Depois de 20 minutos de conversa, eles ouviram que o pedido por investigação isenta seria levado ao secretário Fernando Grella Vieira.

    “Uma vez que a própria Polícia Civil em Prudente Prudente só abriu inquérito após uma determinação do delegado-geral [chefe da Polícia Civil paulista], ela se coloca em uma situação de suspeita, [sem certeza] se a investigação será feita de forma transparente”, disse o pai da vítima.

    Outro lado

    A Secretaria da Segurança Pública afirmou, em nota, que “lamenta a morte de Luana Barbosa e esclarece que todas as circunstâncias do episódio estão sendo apuradas, tanto pela Polícia Civil, quanto pela Corregedoria da Polícia Militar”. Segundo a SSP, o cabo Marcelo Coelho cumpre funções administrativas e assim que finalizado o inquérito, poderá ser expulso da corporação, além de sofrer as sanções criminais. “O secretário da Segurança Pública se colocou à disposição para receber os familiares de Luana”, diz a nota da assessoria de imprensa da pasta.

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    Ubiratan
    Ubiratan
    10 anos atrás

    Vários atendimentos necessitam de agendamento, mas também pode ser realizados de forma aleatória. Com uma manifestação ocorrendo tão próximo da SSP, o secretário/responsável pelo órgão deve ter sido informado sobre a mesma. A família veio do interior, não custava nada recebê-los sem agendamento. Descaso total??!!…

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