Baleado no final do ano passado, jornalista acredita que foi atacado por criticar o prefeito de Embu das Artes, Ney Santos (PRB); prefeitura não comenta
A Polícia Civil investiga a possível participação de dois guardas civis municipais de Embu das Artes (Grande SP) em um atentado contra o jornalista e chargista Gabriel Binho, 32 anos, em 28 de dezembro do ano passado. Ouvidos na delegacia, os GCMs se disseram inocentes.
Colaborador do jornal Verbo Online, Binho foi baleado no km 279 da rodovia Régis Bittencourt. Ele acredita que o crime tenha motivações políticas.
Denúncias anônimas apontam que o carro usado na violência seria de um dos guardas-civis. De acordo com o jornalista, um dos envolvidos seria próximo de um vereador ligado ao atual prefeito da cidade, Ney Santos (PRB). “Esse guarda, atualmente, está trabalhando para o Hugo Prado (PSB), presidente da Câmara Municipial de Embu das Artes”, afirma o jornalista.
Binho acredita que o atentado tem a ver com reportagens críticas à atual gestão, do prefeito Ney Santos (PRB). “Não posso acusar ninguém, mas, mano, é ano de eleição.”, disse à Ponte.
O jornalista voltava de Embu em sua moto pela rodovia, quando um automóvel i30, de cor prata, o derrubou da motocicleta. O veículo de Binho foi arremessado para um barranco existente na via. A vítima conseguiu se levantar. Neste momento, o carro retornou e homens armados efetuaram três disparos contra ele.
“Quando o carro voltou pela rua paralela à rodovia que fui derrubado, eu pensei que fosse tomar uns tiros. Mas realmente não pensei na morte. Não tinha caído a ficha”, informa Binho.
Ele continua sofrendo ameaças de morte. Uma delas aconteceu “horas depois” da violência sofrida por ele. A intimidação se destina ao próprio Gabriel e a um líder político da cidade, ligado ao PDT, Otávio Silva.
Após a tentativa de atentado, Gabriel Binho feriu o tornozelo e precisou passar por uma cirurgia, da qual ainda se recupera.
Desde agosto do ano passado, o jornalista vem fazendo matérias sobre a taxa de lixo, que foi aprovada pela Câmara de vereadores de Embu em regime de urgência no dia 27 de setembro de 2017.
Proibido de assumir mandato
O prefeito Ney Santos (PRB) foi eleito em 2016 com 79,45% dos votos, porém, foi impedido de ser empossado porque é acusado pelo Ministério Público por lavagem de dinheiro, associação com o tráfico de drogas e ligação com organização criminosa.
Santos ficou foragido durante dois meses, até ter seu pedido de prisão preventiva revogado pelo STF, em 9 de fevereiro do ano passado, por decisão liminar. O processo que liberou a posse de Santos ainda não foi julgado.
Outro lado
A reportagem entrou em contato com o vereador e presidente da Câmara Municipal e foi informada de que ele estava em uma reunião e não poderia falar no momento. Mas entraria em contato assim que possível. O mesmo aconteceu com a assessoria do prefeito Ney Santos. Até o momento não houve retorno.