Homem morre ao livrar refém e PM mata agressor

    Duas pessoas morreram no início da tarde desta sexta-feira (04/09), na escadaria de um dos cinco maiores templos neogóticos do mundo, a Catedral da Sé, no centro de São Paulo

    Polícia preserva cena dos crimes

    A imagem impressionava e mais de 100 pessoas se aglomeraram em volta da Sé para tentar entender o que havia acontecido. Pelo menos cinco degraus estavam tingidos de sangue e os corpos estavam embalados aguardando para serem levados ao IML. A parede direita da entrada da igreja também tinha marcas das duas mortes. Muita gente fotografava a cena dos dois corpos na escada da catedral. Nem mesmo quem passava apressado pela praça da Sé ficava incólume ao que acontecia. A vendedora Rosa Maria, que estava em horário de almoço, disse que “nem Deus mais estava dando conta da violência”. Ela não viu o que aconteceu horas antes, mas usava o celular para registrar tudo que via.

    De acordo com o boletim de ocorrência, a balconista Elenilza Mariana de Oliveira Martins estava dentro da igreja rezando, quando foi surpreendida por Luiz Antonio da Silva, conhecido na região como Alemão da Mobilete, que, armado, disse a ela para sair com ele sob a alegação de que precisava de proteção, porque estaria sendo perseguido pela polícia.

    O homem de 49 anos estava com um revólver e uma chave de fenda e fez Elenilza refém. A Polícia Militar chegou ao local e fez um cerco, mas manteve a distância enquanto Alemão agredia a mulher. Ainda, de acordo com o registro da ocorrência, o homem atirou contra os policiais. Uma pessoa que estava sentada na escada, com medo, saiu correndo. Morador da praça, Paulo Pimentel falava ao telefone do lado esquerdo da praça quando notou o que estava acontecendo e disse que o morador de rua Francisco Erasmo Francisco de Lima, de 61 anos, conhecido como Veínho, subiu correndo pelo lado esquerdo da escadaria e se jogou sobre Alemão para tentar desarmá-lo. A refém conseguiu correr.

    “Ele foi um herói, mas a situação estava tão tensa que acho que a polícia acabou agindo com maior rapidez. Só que tem um detalhe: aquilo não era um assalto a banco. Era um momento terrível, com refém, mas acho que faltou cautela da polícia, precisavam ser melhores treinados para essa situação”, disse Paulo Pimentel. Para ele, Veínho e a Polícia Militar agiram sem pensar, mas o objetivo do morador de rua era evitar os disparos e o da PM foi de uma violência desmedida.

    Já caído no chão, Alemão atirou primeiro no rosto e depois no peito de Francisco Erasmo, que foi cambaleando até se amparar na porta da igreja, onde morreu em seguida. Nesse momento, a Polícia Militar saiu atirando e Alemão, sentado em um degrau, protegia o rosto. Testemunhas afirmam que foram mais de dez disparos. A polícia não informa quantos tiros foram dados. “Era pra ter tido um corpo e acabou tendo dois pela forma como a PM agiu”, afirma o morador da região Paulo Pimentel.

    A balconista Elenilza da Silva foi encaminhada a um pronto socorro da região e passa bem. Em nota, a Polícia Militar informou que policiais da região foram informados por populares sobre o que estava acontecendo e quando chegaram no local houve confronto. A nota também informou que os PMs envolvidos na operação não sofreram ferimentos. O caso foi registrado no 1º D.P. e será investigado pelo DHPP.

    O ouvidor da Polícia de São Paulo, Julio Cesar Neves, afirmou que houve excesso na quantidade de disparos efetuados contra Alemão. “Os PMs não seguiram o método Giraldi [que prevê que o agente atire apenas duas vezes para conter o suspeito] porque continuaram atirando mesmo depois que ele já estava caído”.

    Confira, abaixo, o boletim de ocorrência do caso:

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