Julio Cezar Fidelix Cruz é presidente nacional do PRTB, partido que emplacou Mourão como vice de Bolsonaro; vídeo mostra político chamando casal de mulheres de “vagabundas, sem vergonha”
O homem que agrediu um casal de mulheres em um posto do Graal, no município de Oliveira (MG), foi identificado como Julio Cezar Fidelix Cruz, diretor nacional do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB). À Ponte, membros do próprio partido confirmaram a identidade de Julio a partir da gravação feita por uma das vítimas. O agressor é irmão de Levy Fidelix, folclórico candidato à presidência e também à prefeitura paulistana, conhecido como o “homem do aerotrem”, morto em abril de 2021. Levy também tinha histórico de LGBTfobia e, durante a campanha de 2014, chegou a declarar durante um debate televisivo que “aparelho excretor não reproduz”.
No dia 8 de fevereiro deste ano, a advogada Luciana Souza Halabi Horta Maciel, 28, e a engenheira Maria Cecilia Rodrigues Rosa, 32, estavam viajando e pararam em uma unidade do Graal para comer. Enquanto esperavam na fila do caixa, um senhor branco, de óculos, ficou visivelmente alterado e começou a ofendê-las com comentários LGBTfóbicos. Luciana filmou o ocorrido. “Não tem vergonha na cara, sua vagabunda, ordinária!”, disse ele, em meio a gritos. “Eu sou homem, duas mulheres vagabundas, sem vergonha!”, continuou. Uma mulher, que foi identificada como esposa de Julio, também estava presente. Segundo as vítimas, não havia segurança no local e o gerente não prestou nenhum tipo de apoio.
Bruno Marinho Barcellos, presidente estadual do PRTB no Amapá e membro do diretório nacional, informou que fará denúncia ao conselho de ética do partido. “É inaceitável a postura, inclusive acompanhado pela esposa, que é secretária nacional”, afirmou. O irmão de Julio, Levy Fidelix, foi fundador do PRTB. Entre as conquistas de maior notoriedade da sigla, está o fato de ter emplacado o general da reserva Hamilton Mourão como vice-presidente de Jair Bolsonaro (PL) em 2018. Nas eleições de 2022, Mourão foi eleito senador pelo Rio Grande do Sul, já no Republicanos.
Em 2014, durante um debate entre os presidenciáveis promovido pela Record, Levy Fidelix declarou ser contra a família composta por homossexuais porque, segundo ele, “aparelho excretor não reproduz”. Também ficou conhecido por defender a proposta do “aerotrem”, uma espécie de trem bala que ligaria São Paulo, Campinas e o Rio de Janeiro.
Após a morte de Levy, o PRTB rachou. O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre de Moraes determinou que a viúva Aldineia Fidelix entregasse a Julio a presidência do partido. Bruno Marinho Barcellos é crítico enfático das posturas de Julio e é, ele mesmo, um dos nomes cotados para presidente nacional do PRTB.
Procurado para comentar o ocorrido, Julio Fidelix disse apenas que se reservaria o direito de permanecer calado. “Antes de conhecer a peça acusatória que instruirá o processo, me reservarei ao direito de não produzir provas contra minha própria pessoa (indefesa até o momento), me mantendo calado, conforme me reserva o direito de Lei”, escreveu por WhatsApp.