Jovem gay é assassinado a tiros dentro de barbearia em SP

Atirador ainda não identificado efetuou disparos contra a cabeça do operador de telemarketing Gabriel Carvalho Garcia, 22; namorado da vítima aponta homofobia, já que nada foi roubado e no momento do crime o jovem usava roupas “extravagantes”, além de estar em local distante de casa

Gabriel Carvalho Garcia morto aos 22 anos em Embu das Artes | Foto: Arquivo pessoal

O jovem gay Gabriel Carvalho Garcia, 22, foi assassinado a tiros enquanto se preparava para cortar o cabelo em uma barbearia na Rua Guarama, no bairro Pirajussara, em Embu das Artes, na Grande São Paulo. O crime ocorreu por volta das 18 horas da última terça-feira (22/6).

Segundo a versão do dono do estabelecimento e que consta no boletim de ocorrência, Gabriel chegou ao local e solicitou um corte. No momento que estava sentado na cadeira sendo atendido, “chegou ao local um indivíduo desconhecido de blusa escura, touca e máscara e, repentinamente, apontou sua arma na nuca da vítima e disparou de dois a três disparos”. Após os tiros, ainda de acordo com a versão do barbeiro, o atirador fugiu do local.

Leia também: Dirigente de entidade LGBT pede proteção após ameaças nazistas

De acordo com o namorado de Gabriel, o vendedor Bruno Henrique Martins, 23, o ataque foi motivado por homofobia, já que nada foi roubado do jovem. “As coisas dele estavam tudo com ele, celular, documento, cartão e bolsa de trabalho. Alguém deve ter mexido com ele lá e fez o que fez. Ele era estiloso, extravagante. No dia ele estava com regata, corrente, bota e uma calça com raios”. Bruno conta que soube que o atirador chegou ao local e antes de disparar teria dito: “e aí, e agora?”.

O namorado da vítima apontou que era a primeira vez que Gabriel foi até o local, distante cerca de 70 quilômetros da casa onde ele morava com os pais, no bairro Ermelino Matarazzo, na zona leste da capital paulista. “Ele estava trabalhando em Pinheiros, e ele foi indicado para essa barbearia”. O jovem havia conseguido um trabalho como operador de telemarketing há duas semanas.

Leia também: As armadilhas para quem pesquisa violência contra LGBT+ no Brasil

“Ele nunca tinha ido para aqueles lados. Não conhecia ninguém, não tinha amigo lá, nada. Ninguém sabe como ele chegou. Para entrar naquela rua é só a pé”.

Gabriel e Bruno estavam juntos há quase três anos e, atualmente, moravam cada um com seus pais, ambos na zona leste, após as finanças minguaram devido ao desemprego na pandemia. “Eu espero que seja feita a justiça, que a gente encontre quem fez isso. Ele não tinha briga com ninguém. Era uma pessoa boa de coração, sempre ajudava todo mundo. Todo mundo tinha um carinho enorme por ele”.

Ajude a Ponte!

“Tudo encaminha para um crime LGBTfóbico. Infelizmente nós estamos sendo caçados e assassinados no Brasil. Eu digo, que no caso do Gabriel Garcia, infelizmente, mais um irmão que foi assassinado por ser quem é. Infelizmente o crime do ódio ataca qualquer um de nós LGBT+. O ódio é tão cruel que ele chegou a receber tiros na cabeça”, disse à Ponte o suplente de deputado estadual e ativista LGBT Agripino Magalhães.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública informou que “o caso foi registrado, na última terça-feira (22), como homicídio pela Delegacia de Embu das Artes. As investigações foram encaminhadas ao 1º DP do município, que instaurou inquérito policial. As diligências estão em andamento visando à elucidação de todas as circunstâncias relativas aos fatos”.

Já que Tamo junto até aqui…

Que tal entrar de vez para o time da Ponte? Você sabe que o nosso trabalho incomoda muita gente. Não por acaso, somos vítimas constantes de ataques, que já até colocaram o nosso site fora do ar. Justamente por isso nunca fez tanto sentido pedir ajuda para quem tá junto, pra quem defende a Ponte e a luta por justiça: você.

Com o Tamo Junto, você ajuda a manter a Ponte de pé com uma contribuição mensal ou anual. Também passa a participar ativamente do dia a dia do jornal, com acesso aos bastidores da nossa redação e matérias como a que você acabou de ler. Acesse: ponte.colabore.com/tamojunto.

Todo jornalismo tem um lado. Ajude quem está do seu.

Ajude

mais lidas