Desembargador reafirma que fotógrafo Alex Silveira é culpado pelo tiro de bala de borracha, disparado pela PM, que atingiu seu olho esquerdo em 2000. Defesa vai recorrer ao STJ e STF.
Nem o governo, nem a polícia. O único responsável pelo tiro de bala de borracha que reduziu em 80% a visão esquerda do fotógrafo Alex Silveira, 43 anos, continua a ser a própria vítima. Na última sexta-feira, dia 26, o desembargador Vicente de Abreu Amadei, do Tribunal de Justiça de São Paulo, rejeitou um recurso movido pela defesa do fotógrafo e reafirmou a decisão anterior, assinada um mês antes, juntamente com o desembargador Sérgio Godoy Rodrigues de Aguiar e o juiz Maurício Fiorito, que culpava Alex por se colocar em risco ao fotografar um confronto entre a PM e um grupo de professores que reivindicava melhores salários, na avenida Paulista, em 18 de julho de 2000.
“A única coisa que posso fazer é continuar nessa briga, que está óbvio que é muito mais um recado para a imprensa ficar em seu lugar do que realmente uma posição judicial”, afirmou o fotógrafo à Ponte. A advogada de Alex, Virginia Veridiana Barbosa Garcia, disse que agora pretende recorrer ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) e ao STF (Supremo Tribunal Federal).
“Não há deficiência alguma no acórdão embargado: sem erro material e ausente omissão, contradição ou obscuridade”, afirma em texto os autores do acórdão, que também julgaram o recurso.
A advogada havia entrado com um embargo de declaração — um recurso que serve para questionar omissões, pontos obscuros ou contradições de decisões judiciais. Os autores do acórdão, que também julgaram o recurso, consideraram que o embargo não podia ser acolhido, porque a decisão que haviam assinado não continha falhas. “Não há deficiência alguma no acórdão embargado: sem erro material e ausente omissão, contradição ou obscuridade”, afirma o texto.