Mães de vítimas de chacinas realizam ato em Mogi das Cruzes (Grande SP)

    Mulheres pedem manutenção da prisão de dois policiais militares acusados de envolvimento nas chacinas

    Mães de Maio, da zona leste e de Santo André estiveram no ato em apoio às Mães Mogianas / Foto: Kaique Dalapola

    O movimento Mães Mogianas, organizado por mães que perderam filhos nas chacinas que deixaram 21 mortos em pouco mais de seis meses, entre novembro de 2014 e julho de 2015, em bairros periféricos de Mogi das Cruzes (Grande SP), se reuniu no centro da cidade na manhã do último sábado (17).

    Com faixas e camisetas com pedidos de justiça e fotos dos jovens assassinados, o ato pediu a manutenção da prisão dos policiais militares Vanderlei Messias Barros e Fernando Cardoso Prado de Oliveira, presos desde setembro de 2015, e também a investigação para descobrir outros envolvidos nos assassinatos.

    “Esse ato é nossa busca por justiça é uma forma para gente gritar para todo mundo, além de pedir justiça, dizendo que nossos filhos não eram bandidos. Muitas pessoas querem justificar dizendo que eles estavam fazendo alguma coisa de errado. Mas não estavam. Os crimes foram feitos por pessoas que têm prazer em matar”, disse Maria Aparecida Alves Marttos, mãe de Diego Rodrigo Marttos, morto aos 33 anos, em 1° de janeiro de 2015.

    Foto: Kaique Dalapola
    Ilza Maria de Jesus, das Mães de Maio, entregou placa de homenagem às mães de Mogi das Cruzes / Foto: Kaique Dalapola

    No encontro, que marcou um ano do movimento Mães Mogianas, outras mulheres que perderam o filho devido a violência do Estado também estiveram em Mogi das Cruzes para juntar as forças no pedido de justiça.

    “A união das mães é bom para ajudar tanto no psicológico como no fortalecimento da mãe. Porque não é fácil lutar sozinha. Hoje eu pude perceber que lutando juntas vai ser bem melhor”, disse Clarice Vieira da Silva, de 38 anos, mãe de Hudson Lucas da Silva, morto aos 15 anos, por homens da GCM (Guarda Civil Metropolitana) de Santo André em 6 de janeiro de 2016.

    Representando as mães da zona leste, Márcia Conte, de 56 anos, acredita que a união das mães de vítimas da violência policial em vários bairros é importante para tirar o medo de outras mães que sofrem da mesma dor. O filho de Márcia, Peterson Conte, conhecido como Renatinho, tinha 21 anos quando foi torturado até a morte por policiais militares, no dia 18 de março de 2015.

    Durante o ato, Débora Maria da Silva e Ilza Maria de Jesus, do Movimento Independente Mães de Maio, homenagearam às mães de Mogi das Cruzes com uma placa estampada com agradecimento e um trecho de poema de Sérgio Vaz.

    Placa que movimento Mães de Maio entregou ao movimento Mães Mogianas / Foto: Kaique Dalapola

    “Receber uma homenagem como essa é um prazer inenarrável. Mostra que a gente tá no caminho, e tudo serve para as pessoas que a gente não esqueceu, a gente tá aqui, e que nossos mortos têm voz”, disse Lucimara dos Santos, das Mães Mogianas, que perdeu o filho Christian Silveira Filho em 24 de janeiro de 2015, com 17 anos.

    O ato acabou por volta das 12h, e as mães seguiram para uma reunião que compartilharam dores e experiências, além de conversa sobre agenda e os próximos passos a serem dados pelas mães na luta por justiça.

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