“Tenho um trabalho para apresentar e prova de matemática. Justo hoje a bala está comendo”, diz um dos alunos afetados pela operação
Moradores do Complexo da Maré, Zona Norte do Rio, acordaram com caveirões da polícia entrando na comunidade e com tiros, às seis da manhã desta quinta-feira (28/09). Mais de 14 mil alunos ficaram sem aula por conta de uma ação na comunidade em busca de Rogério 157, chefe do tráfico da Rocinha.
De acordo com a Polícia Militar, o Comando de Operações Especiais (COE) realiza uma operação na região da Nova Holanda e Parque União junto com policiais do Batalhão de Ações com Cães (BAC), Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Batalhão de Polícia de Choque. A operação, ainda segundo a corporação, é uma das ações desdobradas para localizar e prender os criminosos envolvidos na disputa do tráfico da favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio, e visa encontrar 157.
“O caveirão está entrando na comunidade gente”, alertou um adolescente no grupo da escola no momento em que a ação da polícia teve início. “Começaram os tiros”, narrou, logo depois. Outros alunos ficaram apavorados e falaram que não iam à escola, “Logo em dia de prova”, disse um deles. “Tenho trabalho para apresentar e prova de matemática. Justo hoje a bala está comendo”, completou.
Outros moradores relataram em redes sociais que a polícia estaria invadindo casas pela comunidade. “Policiais estão colocando fuzil na cara de morador dormindo. Covardia!”, disse uma moradora que não quis se identificar. Questionada, a Polícia Civil afirmou que ainda não recebeu nenhuma denúncia para apurar.
A Secretaria Municipal de Educação informou que unidades escolares no Complexo da Maré e na Penha ficaram com as portas fechadas nesta quinta-feira. No total são 20 escolas, oito creches e 15 Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDI) fechados.
De acordo com a Polícia Militar, uma tonelada de maconha foi apreendida na comunidade da Maré, além de dois fuzis M16. Além das apreensões, um homem foi preso na região do Parque União com uma pistola calibre 9mm, rádio comunicador e drogas. Nesta mesma comunidade foi encontrada uma fábrica clandestina de bebidas alcoólicas. Segundo a polícia, a operação continua em andamento.