Engajado na luta antirracista, símbolo da cultura da Bahia e capoeirista consagrado, o mestre recebeu 12 facadas em suas costas
Engajado na luta antirracista, símbolo da cultura da Bahia e capoeirista consagrado, o mestre de capoeira Moa do Katendê morreu esfaqueado neste domingo (7/10). Depois de manifestar apoio à candidatura do presidenciável Fernando Haddad (PT) em um bar de Salvador, Romualdo Rosário da Costa, de 63 anos, foi esfaqueado 12 vezes pelas costas por Paulo Sérgio Ferreira de Santana, de 36 anos, eleitor do candidato Jair Bolsonaro (PSL). A causa do crime foi, justamente, uma discussão a respeito da eleição.
De acordo com a SSP-BA (Secretaria da Segurança Pública da Bahia), o crime aconteceu em Dique Pequeno, bairro do Engenho Velho de Brotas, no centro de Salvador. Depois se se envolver na discussão com o mestre Moa do Katendê, o autor do crime saiu do bar, foi até sua casa, pegou a faca e retornou ao local. Mestre Moa estava sentado de costas quando foi esfaqueado. Ele morreu no local.
No momento em que foi assassinado, Moa estava com um parente, que foi atingido pelas facadas no braço e está internado no Hospital Geral do Estado. No DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), o suspeito disse que foi xingado e que estava consumindo bebida alcoólica desde o início da manhã do domingo de eleição.
Em depoimento, Santana disse estar arrependido. O suspeito já tinha se envolvido com outros dois casos de discussões em 2009 e 2014. De acordo com Milena Calmon, delegada do DHPP, outras testemunhas ainda vão ser ouvidas para “esclarecer totalmente o caso”.
Amigos exaltam ‘resistência’
Mestre Moa era conhecido pela sua carreira na capoeira, mas também como compositor, dançarino, percussionista, artesão e educador. Em publicações nas redes sociais, amigos da vítima lamentaram a morte e homenagearam Costa. Uma das pessoas que se manifestou a respeito do assassinato foi a apresentadora Roberta Estrela D’Alva. Segundo ela, a morte de mestre Moa é um símbolo, assim como foi a da vereadora Marielle Franco, que foi brutalmente assassinada em março deste ano.
Outra personalidade que se manifestou nas redes sociais foi a produtora cultural Ana de Oliveira. Segundo ela, o que aconteceu com o mestre foi algo inacreditável. “Moa do Katendê, baiano forte, foi um dos fundadores do bloco afro Badauê, aquele que ganhou versos na canção ‘Sim Não’, de Caetano”, afirmou.
Por meio de nota, o Conselho Gestor da Salvaguarda da Capoeira na Bahia, órgão que reúne capoeiristas e representantes institucionais na região, se manifestou diante do que chamou de “assassinato político” de mestre Moa. De acordo com o posicionamento, ele era um homem “pacífico” e o crime expressa o momento “de caos ético e moral que tentam instaurar no Brasil”.
[…] pudesse estar armado. Não quis ficar de costas, poderia ser pior. Lembrei do que aconteceu com o Mestre Môa [morto por um eleitor de Jair Bolsonaro na Bahia]. Tentei conter, pensei que tivesse sido bem sucedido, mas não senti absolutamente nada. E, quando […]