Morte do PM de Lucca: luto e revolta

    Cerca de 300 pessoas silenciosas e vestindo negro reuniram-se neste domingo no centro de Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, para homenagear o policial militar e membro da Força Tática Rodrigo de Lucca Fonseca, de 28 anos

     

    Passeata de familiares e amigos do policial militar soldado De Lucca, torturado e morto por bandidos na cidade de Mogi das Cruzes, São Paulo
    Passeata de familiares e amigos do policial militar soldado de Lucca, torturado e morto por bandidos/ Foto: Coletivo Preto Brasileiro

    Sequestrado, torturado e morto por bandidos, o soldado De Lucca teve seu corpo, com as marcas do sofrimento, encontrado no dia 24, no município vizinho de Suzano, quatro dias depois de ser rendido na porta de casa.

    “A PM existe para proteger a sociedade. Mas, quem protege o protetor?”, pai do soldado

    Convocados na sexta-feira para o protesto, familiares e amigos de policiais da região percorreram os 1.300 metros que separam a praça Norival Tavares da catedral de Sant’Anna. A passeata aconteceu sob a proteção de três viaturas da PM, uma da Guarda Municipal e uma da Polícia Civil.

    Três vezes a marcha foi interrompida, para que fossem rezados o Pai Nosso e a Ave Maria.

    Dentro da passeata, parentes de policiais contavam o drama que vivem desde o desaparecimento do soldado.

    “Toda a polícia da região cancelou folgas, horários de descanso, deixou de lado a família e tudo o mais para tentar trazer o soldado De Lucca vivo para casa. É uma dor sem fim não termos conseguido salvá-lo e ele ter sido encontrado morto e tão machucado. ” O depoimento, da irmã de um PM, foi dado entre lágrimas.

    …todos concordavam: desta vez os bandidos extrapolaram

    “A PM existe para proteger a sociedade. Mas, quem protege o protetor?”, indagou o pai de um soldado.

    Segundo entidades de defesa da polícia, desde o início do ano até o dia 18 de junho, 4 PMs foram mortos em serviço e 54 em horário de folga. O soldado De Lucca seria mais um na estatística sinistra, se não fosse por um detalhe. Ele foi barbaramente torturado.

    Em respeito aos familiares do policial morto, os integrantes da passeata eram econômicos nos detalhes, mas todos concordavam: desta vez os bandidos extrapolaram. De Lucca teria passado um fim de semana inteiro amarrado. Seus dentes foram quebrados. Ele morreu com um tiro na nuca. Depois, o corpo foi alvejado por mais quatro tiros.

    “Estamos, policiais e parentes, abalados demais. Nossos soldados precisam urgentemente de apoio psicológico”, pedia a mãe de um soldado.

    Um suspeito de envolvimento na morte de De Lucca já está preso. Ele teria sido identificado ao usar o cartão de crédito do policial para fazer compras. Na frente da passeata, manifestantes desfilavam com um cartaz que mostrava o rosto de outro suspeito: “Procura-se”, dizia.

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