Corpo demorou mais de sete horas para ser removido pelo IML de dentro da empresa
O motoboy Eduardo Inacio, de 30 anos, pai de uma criança de 2 anos e casado há pouco tempo, foi assassinado em seu local de trabalho na tarde desta sexta-feira (4/9) por policiais militares 3° BPM (Batalhão da Polícia Militar). Ele foi executado no escritório de contabilidade e advogacia em que trabalhava há 15 anos por três tiros, que atingiram pescoço, ombro e abdômen.
Por volta das 15h, os PMs cercaram as ruas do entorno do metrô Praça da Árvore na busca por suspeitos que tinham assaltado um estabelecimento na região. De acordo com testemunhas, os policiais gritaram para que funcionários do escritório, localizado na rua Itaipu, a 400 metros do metrô Praça da Árvore, abrissem rapidamente o portão automático que dá acesso à empresa.
Testemunhas disseram à reportagem da Ponte Jornalismo que Eduardo abriu a portão e ergueu as mãos. “Ele estava com as mãos para cima e disse: ‘não tem nada a ver’. O PM já deu o primeiro tiro”, diz J. R. – sua identidade foi preservada por medidas de segurança. Ao todo, seis funcionários, incluindo o motoboy e o dono da empresa, estavam no local no momento do crime.
Já de acordo com a versão oficial, apresentada pela SSP (Secretaria de Segurança Pública), assim que os policiais entraram na empresa, “os criminosos usaram o motoboy como escudo enquanto atiravam no policial, que, ao se defender, acabou acertando o refém”. A ocorrência foi registrada no 16° DP (Vila Clementino).
“Eduardo, era um homem forte e fazia musculação. Ele tinha uma cicatriz na testa em virtude de seu trabalho e paixão, a moto”, diz a testemunha B. Ele era conhecido como Dudu Pasquim e havia casado há pouco tempo. Por amor à mulher, havia parado de beber. O homem morava na região de Interlagos, na zona sul.
“O rapaz era trabalhador, estava conosco havia 15 anos, era como um filho para o dono. Ele tinha um menino de dois anos. O cara estava trabalhando, não era bandido. Desculpe a expressão, mas fazer uma merda dessa é de ficar revoltado. A família dele está aqui desesperada”, diz J. R.
Outro lado
Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou “que os criminosos usaram o motoboy como escudo enquanto atiravam no policial, que, ao se defender, acabou acertando o refém. O caso será registrado no DHPP, com acompanhamento da Corregedoria da PM. O policial será ouvido e todos fatos serão apurados para se estabelecer as medidas a serem adotadas. Os três autores do roubo que motivou a perseguição foram detidos”.