Jovem de 26 anos foi morto no final da tarde da última quinta-feira (15), no bairro do Pedreira, na zona sul de São Paulo
Antes de ser morto pela Polícia Militar com tiro nas costas, na última quinta-feira (15/7), o motorista Jonathan Queiroz, o Jhow, trabalhou o dia inteiro em viagens pela Uber, e quando retornou para comunidade onde morava, na região do Pedreira, periferia da zona sul da cidade de São Paulo, serviu um café para os amigos que trabalham no comércio da rua. É isso que relatam os amigos e moradores do bairro.
Como era de rotina, o jovem de 26 anos foi para o bar que fica no mesmo lugar onde ele mora, para conversar com os amigos e descansar do dia de trabalho. Enquanto o motorista curtia o final da tarde, policiais militares se aproximaram. Sabendo do histórico de violência nas abordagens da região, Jhow tentou sair do local, mas os PMs foram atrás.
Segundo testemunhas, Jhow correu por cerca de 200 metros até ser alcançado pelos PMs. “Na hora que ele foi para rua de cima, e os policiais foram atrás, ele se ajoelhou e disse que tinha perdido, ou alguma coisa assim”, diz uma amiga do jovem. “Ele já estava ajoelhado e rendido. Mesmo assim, o policial veio, se aproximou dele, e atirou pelas costas”, conta a mulher. Ela pediu para não ser identificada por medo de represália.
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Como o jovem saiu da rua do bar onde estava conversando, o momento da morte não foi acompanhado por seus amigos, que apenas ouviram os disparos e chegaram instantes depois. No entanto, vizinhos afirmam que uma criança que estava no portão de uma casa viu o momento da ação. “A criança viu o Jhow ser morto e não está sequer conseguindo dormir”, diz uma moradora.
Na versão policial, Jhow portava uma arma de fogo no momento da abordagem. Essa versão é contestada pelos amigos e familiares, que afirmam que ele não estava armado e nunca o viram portando qualquer tipo de arma no dia ou antes mesmo da ocorrência. Os amigos destacam ainda que não sabiam o motivo dele ter tentado sair do local no momento da abordagem.
Depois que o motorista foi morto, dezenas de moradores da região foram às ruas do bairro para protestar, pedir para que o jovem fosse socorrido rapidamente, e questionar sobre a recorrente atuação violenta da PM na comunidade. Porém, Jhow sequer foi socorrido e morreu no local, e o ato terminou com a polícia jogando bombas de gás e ameaçando “cortar as asas” de quem tumultuasse, conforme registrado em um vídeo.
“A forma como ele morreu foi injusta e cruel. Ele era uma pessoa maravilhosa, um menino muito educado, feliz, conversava com todo mundo, tratava todos bem. Ele fazia café e saía aqui na rua dando para todo mundo. Ele fazia tudo com muito carinho, era muito humilde, tinha o coração muito bom e ninguém tinha nada de mau para falar dele. Por isso estamos todos revoltados aqui”, conta a amiga dele, que o conhecia há cerca de cinco anos, desde quando começou a trabalhar no bar onde começou a abordagem.
O motorista foi enterrado no início da tarde deste sábado (17/7), no Cemitério Vale da Paz, em Diadema, na região metropolitana de São Paulo.
A Ponte questionou a Secretaria de Segurança Pública da gestão João Doria (PSDB), comandada pelo general João Camilo Pires de Campos, que disse estar investigando o caso por meio de inquérito policial instaurado do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa, da Polícia Civil, e por inquérito policial militar.
A secretaria afirmou ainda que “equipe de investigação do departamento realiza diligências em buscas de elementos que auxiliem no esclarecimento dos fatos”.
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