Protesto, que ocorreu em Itu (SP) na tarde de terça-feira (25/2), cobrou respostas pelas mortes do adolescente Antony Juan, de 16 anos, e de Rian Gustavo, 23

Manifestantes cobraram por justiça e pediram a saída do vereador Moacir Cova (Podemos) em um ato ocorrido no fim da tarde de terça-feira (25/2), em Itu, no interior paulista. O grupo clamou por celeridade na investigação que apura a morte do adolescente Antony Juan Nascimento Lisboa, de 16 anos, e de Rian Gustavo Alves de Campos, 23.
A dupla foi morta em maio do ano passado em uma ação do Bonde do Moacir — como é chamado o grupo de policiais civis investigados por denúncias de execução, agressões e tortura.
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O protesto começou por volta das 17h em frente à Câmara de Vereadores de Itu, atual local de trabalho do investigador da Polícia Civil. Moacir foi eleito no último pleito após tentar um cargo público outras duas vezes. Ele é investigado em ao menos oito inquéritos localizados pela Ponte.
Sob gritos de “Moacir assassino” e “queremos justiça”, o grupo percorreu as principais ruas do Centro de Itu, parando em frente às sedes do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) e ao fórum do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP).
“Duas vidas foram ceifadas. Um adolescente de 16 anos teve o braço quebrado. [Colocaram] areia na boca dele, deram tiro na planta do pé e mais cinco no peito. Um jovem de 23 anos foi assassinado brutalmente no mesmo dia. Não houve reação”, disse Gislaine Dalbello, uma das manifestantes.
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Gislaine é mãe de um adolescente apreendido pelo Bonde do Moacir três vezes. A Ponte narrou a angústia de Gislaine diante das internações do filho, situações que sempre denunciou terem sido forjadas e que o filho era inocente. O adolescente foi absolvido de parte das denúncias.
Essa não foi a primeira manifestação feita pelas mães das vítimas. Em dezembro do ano passado, os familiares de Rian e Antony fizeram outro ato na cidade.
Relembre o caso
Rian e Gregory foram mortos no dia 16 de maio. Testemunhas ouvidas pela Ponte relataram que Rian não estava armado — e que a arma encontrada com ele teria sido “plantada” pelos policiais.
Em depoimento, os agentes disseram ter sido recebidos a tiros durante uma abordagem em um matagal próximo ao Conjunto Habitacional Vila Lucinda, conhecido apenas como CDHU (sigla para Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo), na periferia da cidade.
Além de Moacir, os investigadores Bruno Bolpete Ceccolini e Cirineu Yasuda Alves de Lima também participaram da ação que terminou nas mortes.
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Esse caso e outras denúncias sobre o Bonde foram levados à Corregedoria da Polícia Civil em um dossiê elaborado pela Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio. Na ocasião, familiares de jovens presos ou mortos de Itu foram até a sede do órgão pedir justiça.