Ouvidoria da Polícia cobra PM por repressão contra batalha de rap

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    Encontro no dia 26 de janeiro foi interrompido com bombas e balas de borracha; um jovem acabou ferido pelas munições dos militares

    Caramante
    Jovem mostra lesões causadas por disparos de bala de borracha da PM

    A Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo entrou com ofício na Corregedoria da Polícia Militar para analisar a repressão durante a Batalha da Matrix, encontro de rap e hip-hop, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, ocorrida no dia 26 de janeiro.

    “Entregamos o documento anteontem (segunda-feira, dia 1/02) para que seja analisado o que ocorreu. Protocolamos o pedido e, agora, é preciso aguardar a decisão”, explicou o ouvidor Júlio Cesar Neves, à Ponte. “Não existe prazo para a resposta, se será aberta, ou  não, a investigação. Contudo, atuamos para que o caso não prevarique”, emenda.

    Anteriormente, o Movimento Nacional de Direitos Humanos solicitou à Ouvidoria a instauração do procedimento de apuração, entendendo que houve excesso por parte dos agentes públicos.

    “É um caso de abuso de autoridade. Os jovens foram pegos de surpresa pela ação da polícia. Nada justifica a repressão com balas de borracha, que já foram proibidas até mesmo em depredações feitas pelos grupos black blocs”, critica Ariel de Castro Alves, coordenador do grupo.

    Repressão contra a batalha da cultura de rua

    Caramante
    Bombas de gás utilizadas por PMs para reprimir batalha de rap, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista

    A Batalha da Matrix acontece às terças-feiras no centro da cidade há três anos. Durante a última edição do mês passado, a PM reprimiu o ato cultural com bombas e tiros de bala de borracha. Cerca de 500 pessoas estavam presentes no local. 

    Segundo Lucas Fonseca, um dos organizadores da Batalha, é comum a PM pedir o fim dos atos às 22h, horário definido junto à Prefeitura. “Normalmente, eles [PMs] usam o argumento de que tem briga ou uso de drogas para acabarmos antes. Só que dessa vez não teve diálogo, vieram de cara soltando bombas. De repente, ouvimos uma bomba estourando”, relata.

    Por volta das 21h50 do dia 26 de janeiro, a Batalha encontrava-se na rodada final entre os rappers Toddy e GIO. Foi neste instante em que a ação dos policiais, somados com guardas civis de São Bernardo, começou. 

    Na confusão, um jovem foi atingido pelas munições disparadas pelos militares e guardas civis. Caio Chaparin realizou exame de corpo de delito posteriormente e comprovou no IML (Instituto Médico Legal) tratar de um ferimento de bala de borracha.

    “Também fizemos um Boletim de Ocorrência e fomos ao 6º Batalhão entregar um manifesto. Deixamos fotos e vídeos, mas acho que ninguém será punido. Eles tinham a ordem de reprimir dada, tem de punir quem deu a ordem”, sustenta Lucas Fonseca.

    A Batalha da Matrix

    https://www.facebook.com/BatalhaDaMatrix/videos/vb.374873459297373/883904225060958/?type=2&theater

    Ontem, uma nova edição da Batalha da Matrix aconteceu. Dessa vez, a PM só acompanhou o ato à distância. Pela repercussão da repressão ocorrida no dia 26, mais pessoas estavam presentes – a organização estima mil participantes.

    Outro lado

    Procurada pela reportagem, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo da gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), administrada por Alexandre de Moraes, esclareceu que “a PM interveio quando técnicos da Prefeitura de São Bernardo e a GCM foram agredidos”, sustenta. “Eles tinham solicitado que as caixas de som do evento fossem desligadas, pois produziam som acima do permitido e não havia permissão para utilizar a via pública”. E finaliza argumentando que “os policiais agiram para garantir a integridade física dos envolvidos, dispersar a multidão e evitar danos ao patrimônio público e privado.

     

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