Papai Noel ataca família com declarações racistas em shopping de SP

Estabelecimento informou que o funcionário foi demitido. ONG está prestando apoio a criança ofendida

Família Cerqueira e Papai Noel que atacou as crianças | Foto Reprodução / Redes sociais

Um homem que trabalhava como Papai Noel foi racista com uma criança de seis anos nesta sexta-feira (3/12) em um shopping na zona sul da cidade de São Paulo. O garoto contou para o ator, que deveria representar um bom velhinho, que gostaria de ganhar um hoverboard (espécie de skate motorizado) como presente de Natal. O menino recebeu a resposta hostil de que o pedido seria impossível de ser realizado, pois seu pai não tem condições financeiras para arcar com um produto caro.

A ofensa não ficou apenas restrita ao garoto. Seu irmão mais velho de 12 anos ouviu um comentário semelhante do ator que estava vestido do personagem natalino quando disse que o presente que queria era um celular. Nem a mãe dos garotos, a vendedora Tamires Cerqueira, de 29 anos, se livrou das ofensas. “Ele quis saber quantos filhos eu tinha, quando eu disse que eram cinco ele perguntou se não tinha televisão na minha casa”, conta.

Tamires revela que a princípio não queria tirar fotos dos filhos com o Papai Noel, mas foi convencida por um funcionário do shopping. Depois do episódio ocorrido com ela e com os filhos, ela fez uma série de postagens em suas redes sociais explicando o ocorrido. As publicações fizeram com o que o Shopping Plaza Sul entrasse em contato pedindo desculpas pelo ocorrido.

A mãe explica que o garoto ainda está muito afetado com o que aconteceu durante aquilo que deveria ser apenas uma passeio em família. “Fomos ao shopping à tarde quando tudo isso ocorreu. Meu filho ficou bastante sentido com isso. Quando o meu marido chegou do trabalho, à noite, ele foi correndo até o pai e a primeira coisa que ele contou foi o que Papai Noel tinha contado”, lembra Tamires.

A ONG Novos Herdeiros, que atua no bairro da Água Funda, está acompanhando o caso e dando assistência psicológica e jurídica à família. O filho de Tamires Cerqueira participa de atividades da junto ao grupo e é descrito como um menino quieto, muitas vezes tímido, mas que vem se destacando pela sua habilidade nas aulas de desenho. 

Para Marcelo Dias, coordenador da ONG, a família foi vítima de descriminação racial por parte do funcionário do shopping. “É um fato evidente de racismo e classismo. Essa é visão que muitos têm que pessoas negras não podem comprar determinados produtos ou frequentar um shopping. Se fossem crianças brancas a gente saber que o tratamento seria bem diferente”.

“Ele não tinha o direito de falar assim com os meus filhos. Eu acho que foi racismo o que ele fez por conta da cor da nossa pele. Eu tenho certeza que ele não falaria esse tipo de coisa para uma família de pessoas brancas”, diz Tamires Cerqueira.

Diante do fato, tanto a família quanto a ONG farão um Natal diferente para as crianças mostrando que a imagem do Papai Noel não é a aquela que eles experienciaram shopping na última semana. “Ele está com muita expectativa em relação ao Natal deste ano, a gente nunca foi de ficar falando sobre presentes ou algo do tipo”, conta Tamires.

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“Vamos fazer uma mediação entre com shopping por conta desse episódio. Eles precisam entender que estão inseridos na nossa comunidade e que posturas como essas não são aceitáveis diante dos moradores”, explica Marcelo Dias.

Em nota, o Plaza Sul Shopping reconheceu o erro do funcionário e informou que ele foi afastado imediatamente após o ocorrido. “O Plaza Sul Shopping lamenta o ocorrido e se solidariza com a família. A atitude do ator contratado por empresa terceirizada está completamente equivocada e não condiz de forma nenhuma com as orientações passadas pelo shopping. O profissional já foi substituído”.

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