PM agride e se ajoelha em barriga de grávida no interior de SP

    Policial alega ter levado soco antes de imobilizar mulher em São José do Rio Preto; corporação o afastou do trabalho nas ruas

    Um policial militar apoia o joelho na barriga enquanto aborda uma mulher caída e tenta imobilizá-la no chão. Desesperada, ela grita: “Eu estou grávida”. Ela e quem registra a cena pedem para ele sair de cima da barriga. As imagens foram registradas no bairro Santo Antônio, na cidade de São José do Rio Preto, interior do estado de São Paulo, às 10h desta terça-feira (4/2).

    No vídeo é possível ouvir o policial dizendo que a mulher está presa por desacato e resistência. “Eu não vou correr, seu idiota. Eu estou grávida. Está achando que eu sou traficante? Estou [[não] resistindo a você me enforcando”, ela rebate.

    A pessoa que registra as imagens se indigna. “Olha aí como ela está ficando roxa, ela está grávida. Solta ela, pelo amor de Deus”, grita a testemunha para o policial, que não para de apoiar o joelho na barriga da grávida enquanto a imobiliza.

    De acordo com a versão oficial contada pelos soldados Wesley Viana dos Santos e Cleriston Braga dos Santos, conforme documentos da polícia civil, eles abordavam duas pessoas suspeitas de tráfico quando a mulher teria os ofendido de “vermes” e “filhos da puta”. Quando Viana iria abordá-la, conta, ela deu um soco em seu peito. O que segue é visto no vídeo.

    Os documentos da Polícia Civil detalham que outra viatura da PM deu apoio à ação e encaminhou a mulher inicialmente para uma unidade da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e depois para o Hospital da Criança para realização de exames.

    A Ouvidoria das Polícias de São Paulo explicou à Ponte que pedirá para a Corregedoria da corporação investigar o caso e que “determinasse o afastamento do policial”, conforme explicou o ouvidor, Benedito Mariano.

    “É grave. Uma abordagem agressiva e abusiva. As imagens falam por si. Amanhã (quarta-feira, 5 de fevereiro) vou ver o boletim de ocorrência registrado na região”, afirmou Mariano.

    Segundo apurado pela reportagem junto à Corregedoria da PM, o policial será afastado dos trabalhos de rua. Assim, fará serviços administrativos, com manutenção do salário, enquanto ocorrer a investigação do caso, inicialmente feita pelo batalhão no qual ele trabalha.

    A Ponte questionou a Secretaria da Segurança Pública, comandada neste governo de João Doria (PSDB) pelo secretário João Camilo Pires de Campos, sobre as agressões contra a grávida. Segundo a secretaria, o 17º batalhão do interior já afastou o PM que agrediu a mulher grávida.

    “A PM já instaurou um inquérito policial militar (IPM) para apurar o ocorrido. A mulher foi encaminhada para exames médicos em uma unidade de saúde local”, sustentou a pasta, por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa terceirizada, a InPress.

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