Delegado que investiga o caso fala em legítima defesa; na mesma região, outro PM de folga teria deixado ex da atual mulher ferido na cabeça e na perna por causa de uma discussão
“Vocês não sabem o tanto que está doendo, todo mundo que era amigo dele sabe”, diz Fatima Nunes Pereira, aos prantos, sem conseguir contar ao certo o que aconteceu com o filho, Everson Luís Nunes Pereira, 36 anos. Na versão da família da vítima, o eletricista autônomo saiu de casa e foi morto no último domingo (15/7) pelo soldado de primeira classe do 3º Batalhão na capital, Antônio Carlos Torres, armado dentro de uma casa noturna na Estância Turística de Olímpia, no interior de São Paulo.
O delegado Marcelo Pupo, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (20/7), declarou que, após ouvir algumas testemunhas e analisar as imagens do circuito interno de segurança, entende que o policial atirou em legítima defesa. “Foi agredido por trás, na covardia. Caiu no chão e sofreu vários chutes golpes por mais de uma pessoa e o recurso que ele tinha naquele momento era a arma que ele portava. Ele fez uso dela porque precisava resguardar a própria vida”, afirmou. Pupo ressalta que as investigações ainda não estão concluídas e que deve ouvir outras pessoas nos próximos dias.
O caso aconteceu dentro da casa noturna Golden Pub, um conhecido local de sertanejo, samba e pagode, na rua Aurora Forti Neves, no domingo passado (15/7). Everson estava com o irmão, Carlos Henrique Nunes Pereira, quando teria derrubado cerveja no pé do PM. Ainda, segundo Carlos, Everson teria se desculpado, recebendo, contudo, a negativa do militar. “Aí meu irmão falou: ‘Você não é humilde pô, estou pedindo desculpa e você não quer aceitar”, conta Carlos Henrique.
Na versão do PM Antonio Carlos Torres, que estava aproveitando a folga com a mulher dele na cidade de Olímpia, onde tem familiares, a agressão teria partido de um grupo do qual Everson faria parte. Ainda, segundo o policial informou no boletim de ocorrência, alguém teria tentado tirar a arma dele da cintura, que, então, disparou atingindo a vítima.
Outro caso
Distante 71 quilômetros, em Bady Bassitt, outro policial de folga acabou se envolvendo em uma briga e atingiu com quatro tiros de raspão a cabeça e a perna de Lucas Vintirinalli, 26 anos, ex-namorado da atual mulher dele. Por volta das 5h, também no domingo, o PM Vinicius Rocha, 23 anos, saiu de um motel com a ex da vítima, que seguiu os dois até um posto de combustível do município. Os dois teriam começado a discutir e o policial acabou disparando contra Lucas, que ficou apenas ferido.
Outro lado
Em nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar esclarece que “as duas ocorrências foram apresentadas no Distrito Policial de suas respectivas circunscrições e após ouvidos, os policias foram liberados pela autoridade policial e as armas apreendidas para perícia”.