Polícia Civil afirma que soldado da PM e outros dois homens usavam distintivos enquanto cometiam crimes
A Polícia Civil de São Paulo prendeu, na manhã deste domingo (18/12), o soldado da Polícia Militar Rafael Alves dos Santos e outros dois homens sob a suspeita de formarem uma quadrilha que pratica extorsão mediante sequestro. Eles foram presos na última quinta-feira (15/12), e dois deles foram reconhecidos pela vítima, secretária de uma associação de imigrantes latinos na capital paulista.
Segundo registro na Polícia Civil, os três suspeitos usavam um Chevrolet Cobalt com adesivo da Uber para raptar as vítimas. Apesar do disfarce de transporte de aplicativo no carro, o trio carregava distintivos da Polícia Militar, e o soldado portava uma pistola de propriedade da PM paulista, além de algemas, carregadores de armas calibres .45 e .40 (de uso da polícia), uma faca e um simulacro de arma de fogo.
Soldado Santos e seus comparsas foram presos após fugirem de uma tentativa de abordagem policial na Vila Ede, zona norte da cidade de São Paulo. A Polícia Civil tentou enquadrar dois homens que, segundo os policiais, estavam se passando por policiais para abordar as vítimas. Antes de serem abordados, no entanto, os suspeitos fugiram.
Após perseguição, a Polícia Civil chegou ao carro dos suspeitos, e dentro estavam os três homens. Ainda enquanto os homens estavam sendo abordados, e já com os armamentos apreendidos, uma equipe da Polícia Militar chegou no local e informou sobre o sequestro que o trio possivelmente havia cometido.
Na delegacia, a secretária da associação reconheceu o soldado Santos e outro homem como integrantes da quadrilha de sequestradores que a levaram. O carro usado pelos suspeitos também correspondia ao usado no crime.
De acordo com registro de ocorrência do sequestro, a secretária foi sequestrada enquanto saía de sua casa. Os criminosos ligaram pouco depois, e pediram R$ 150 mil de resgate. A família providenciou R$ 90 mil, que seria dinheiro da associação e que estava sendo guardada em espécie na residência da secretária porque a organização está de mudança. O dinheiro foi entregue aos suspeitos em um shopping de Guarulhos antes mesmo de comunicar o crime às autoridades policiais.
Após o pagamento, a vítima foi liberada pelos criminosos. Mas o grupo voltou à casa da secretária dois dias depois, e só não entraram na residência porque a família havia trocado a fechadura da porta. As chaves antigas da casa foram localizadas pela Polícia Civil no carro usado pelo soldado e os comparsas.
Outro lado
Na delegacia, o PM Santos, que tem tatuagens de armas e referências à polícia, e os outros dois suspeitos não quiseram dar suas versões para os fatos. A reportagem também não conseguiu localizar os advogados dos suspeitos. A Polícia Civil pediu a prisão temporária dos três, enquanto o caso segue sendo investigado pela Divisão Antissequestro, do Dope (Departamento de Operações Policiais Estratégicas), da Polícia Civil.